segunda-feira, 8 de março de 2021

Trilha Sonora - Pulsar

 


Pulsar (concepção artística)


Pulsar 2849 é um jogo com tema de ficção-científica criado pelo designer tcheco Vladimír Suchý no qual os jogadores assumem o controle de corporações futuristas que estão explorando um aglomerado estelar em nossa galáxia com o intuito de instalar gigantescas estruturas anelares conhecidas como giro-dínamos ao redor de pulsares (estrelas de nêutrons resultantes de supernovas e que emitem pulsos regulares de energia eletromagnética) para extrair sua energia.

Para sonorizar este jogo fantástico, escolhi três álbuns de space music que ajudarão a criar a atmosfera ideal para o o jogo:


ROSETTA - Vangelis

Evángelos Odysséas Papathanassíou, conhecido pelo nome artístico de Vangelis, é um músico e compositor grego cuja longa carreira abarca gêneros tão distintos como música eletrônica, rock progressivo, jazz e música sinfônica, além de trilhas sonoras famosas como Carruagens de Fogo (que lhe rendeu o Oscar de Melhor Trilha Sonora em 1981), Blade Runner, 1942 - A Conquista do Paraíso e Alexandre.

Outros pontos altos de sua carreira incluem a banda de rock progressivo Aphrodite's Child, fundada em Paris em 1968 juntamente com outros músicos gregos expatriados na França (como o vocalista Demis Roussos) e a formação, no início da década de 1980, da dupla Jon & Vangelis com o vocalista do Yes Jon Anderson.

Rosetta, lançado em 2016, é seu 18o álbum de estúdio e terceiro com temática espacial (juntamente com Albedo 0.39 e Mythodea) e foi dedicado ao projeto da sonda espacial de mesmo nome lançada pela ESA em 2004 para estudar o cometa 67/P Churyumov-Gerasimenko.

O álbum alterna faixas grandiosas e serenas que expressam, com muita beleza (como é típico da obra de Vangelis), todo o sentimento associado a uma missão espacial.


PIONEER - Altus

Criado pelo músico e compositor canadense Mike Carss, Altus é um projeto musical que ele próprio define como "jornadas aurais para a imaginação". Em Pioneer, seu álbum mais recente, o ouvinte embarca em uma exuberante viagem musical para explorar mundos e galáxias distantes, com temas progressivos envolventes e épicos que criam uma perfeita paisagem sonora de exploração cósmica.


MERIDIAN - Ascendant

Meridian é o terceiro dos quatro álbuns de estúdio lançado pela dupla de ambient e space music Ascendant, formada pelos músicos e produtores americanos Chris Bryant e Don C. Tyler (também fundadores da gravadora independente Synphaera Records). Com texturas eletrônicas exuberantes e harmonias delicadas e ricas, suas dez faixas criam paisagens sonoras que evocam a vastidão do espaço, a solidão de uma longa viagem espacial e os sentimentos de descoberta e encanto associados à exploração do cosmos.


ETA CARINAE – VAAST

VAAST (acrônimo para Velocity Automated Astronomical Sound Transmissions) é um projeto de space / ambient music do músico e produtor musical irlandês Matthew McGuinness. Eta Carinae, lançado em 2018 e cujo nome remete a um sistema estelar na constelação de Quilha, é um álbum marcante por arranjos, melodias e texturas ricos e elaborados, além de faixas que remetem ao rock progressivo de bandas como Hawkwind e Pink Floyd, levando o ouvinte a uma fantástica viagem pelo espaço sideral.

 

Trilha Sonora - Le Havre

 


Orla marítima de Le Havre


Situada na margem direita do estuário do Rio Sena, na região da Normandia, a cidade de Le Havre (cujo nome significa, simplesmente, "o porto", em francês) abriga o segundo maior porto do país em tráfego de embarcações – atrás somente do porto de Marselha – e o maior terminal de contêineres da França.

Fundada em 1517 pelo Rei Francisco I, a cidade experimentou um rápido crescimento a partir das últimas décadas do século XVIII devido ao comércio de produtos das colônias francesas no Novo Mundo.

Após severos bombardeios em 1944, que destruíram grande parte da cidade e seu porto, o arquiteto Auguste Perret elaborou um plano de reconstrução que durou de 1945 até 1964.

Nesta época do pós-guerra, impulsionado pelo período de crescimento e desenvolvimento econômico francês conhecido como Les Trente Glorieuses (aproximadamente de 1945 até 1975), Le Havre prosperou e se desenvolveu.

Porém, a partir da segunda metade da década de 1970, com o início de uma grave crise econômica, foi assolada por desemprego, diminuição de população e baixos investimentos. Essa situação perdurou até os anos de 1990, quando a iniciativa privada passou a investir no setor de serviços, e novas indústrias (aeronáutica e de turbinas eólicas) estabeleceram-se na região. Além disso, o projeto Port 2000 modernizou o porto, ampliando sua capacidade de tráfego e de armazenagem de contêineres para que pudesse concorrer com os principais portos da Europa, além de abrir um moderno terminal de navios de cruzeiro.

Levando em conta a localização da cidade e o tema do jogo, para sua trilha utilizei dois gêneros musicais tradicionais.

O primeiro foi o chant des marins (cantigas de marinheiros) normando, um gênero de música folclórica conhecido em português como celeuma e em inglês como sea shanty. Essas canções de trabalho eram utilizadas por marinheiros de navios mercantes para acompanhar e cadenciar seu trabalho, especialmente nas tarefas que envolviam trabalho coordenado de grupo, como baixar âncoras ou içar velas. Sua principal característica é a "chamada e resposta", feita entre o solista e o coro.

O segundo foram canções folclóricas tradicionais normandas, interpretadas por grupos locais e cujos temas abordam o quotidiano dos marinheiros, a pesca, o trabalho embarcado e portuário.

LE GRAND QUAI – CHANTS DE MARINS DES CÔTES NORMANDES - Marée de Paradis


CHEZ GAUD - Les Souillés de Fond de Cale


EN CONCERT… VE - Strand Hugg
https://open.spotify.com/album/0EFaH6EokLZz5RJMVCRGNs

Trilha Sonora - Merlin

 


Merlin e Artur - óleo sobre tela de Scott Gustafson


Nesta primeira parceria dos premiados designers Stefan Feld e Michael Rieneck, os jogadores assumem o papel de cavaleiros da Távola Redonda e vassalos do Rei Artur que competem entre si em uma série de tarefas e missões para se tornarem os cavaleiros mais honrados e famosos de toda a Britânia.

E para cumprir essas árduas missões, que incluem derrotar invasores bárbaros e construir diversas edificações, os jogadores terão a ajuda do Mago Merlin, conselheiro e amigo pessoal do Rei Artur.

Figura lendária dos Mitos Arturianos e da poesia medieval galesa, Merlin apareceu pela primeira vez no famoso Historia Regum Britanniae, escrito em 1136 pelo padre bretão Geoffrey de Monmouth como uma amálgama de diversas figuras míticas e históricas das Ilhas Britânicas, principalmente o lendário profeta galês Myrddin Wyllt.

Diversos outros autores contribuíram para o desenvolvimento do personagem, como o poeta francês Robert de Boron (séc. XIII), Sir Thomas Malory, autor do famoso ciclo lendário Le Morte d’Arthur (publicado pela primeira vez em 1485) e o clássico contemporâneo The Once and Future King (1958), de T.H. White, que reconta a narrativa de Malory.

Para a trilha deste jogo, escolhi três álbuns de música instrumental inspirados nas Lendas Arturianas e na figura do Mago Merlin:

AVALON – Enaid

Enaid é um projeto de música instrumental contemporânea, formado por Diane Arkenstone (teclados, vocal), seu então marido David Arkenstone (teclados, violão, bandolim e percussão), Donald Markese (flautas) e Joel Derouin (violino). Inspirado nas lendas do Rei Artur e produzido por David, Avalon traz dez faixas com instrumentação rica, melodias agradáveis e um toque cinematográfico. 


LAND OF MERLIN – Jon Mark

Conhecido principalmente por seus trabalhos com a Mark-Almond Band, John Mayall e Marianne Faithful, o cantor, guitarrista e compositor inglês Jon Mark também é responsável por uma elogiada série de discos de música instrumental lançados por sua própria gravadora desde o final da década de oitenta. Em Land of Merlin, lançado em 1992, ele cria uma rica e serena paisagem sonora baseada na região da Cornuália, sudoeste da Inglaterra, onde nasceu.


WALKING WITH MERLYN – Llewellyn

Em Walking with Merlyn, o músico e compositor galês James Harry (que utiliza o nome artístico de "Llewellyn") emprega uma vasta gama de instrumentos musicais, como teclados, violões, flautas e percussão para criar um belo álbum inspirado nas lendas do Mago Merlin. Ainda que seja nominalmente rotulado de new age, o disco traz uma fusão de diversos gêneros, como ambiente, eletrônica e chill-out.

Trilha Sonora - Azul

 

Lançado em 2018, Azul é um jogo desenvolvido pelo alemão Michael Kiesling e inspirado na nobre arte da azulejaria portuguesa.

Ainda que seja um abstrato, o jogo referencia a cultura portuguesa, e nada melhor para musicar este jogo, em minha opinião, que outra nobre arte portuguesa: o fado.

Há varias teorias acerca da origem do fado, nenhuma delas completamente comprovada. Suas origens estilísticas remetem a ritmos portugueses dos séculos XVIII e XIX, como a modinha portuguesa e as serranilhas.

Seja qual for sua origem real, o fado é um ritmo essencialmente urbano, surgido em Lisboa através da fusão histórica e cultural que caracteriza a capital portuguesa. Seus temas, principalmente no fado lisboeta tradicional, tratam de saudade, ciúme, sina, sofrimento, nostalgia, melancolia e histórias do quotidiano urbano.

O fado popularizou-se na cidade por volta de 1840, sendo então conhecido como "fado do marinheiro", e deste ritmo inicial posteriormente viriam a surgir diversos outros ritmos e sub-gêneros, como o fado corrido e o fado da cotovia.

Em constante evolução, já na virada do século o fado havia adquirido muitas de suas características, como a riqueza melódica, a complexidade rítmica e letras que incorporavam a métrica e os versos da poesia clássica. O surgimento e popularização das casas de fado na primeira metade do século XX levaram à profissionalização dos artistas e ao surgimento do "fado contemporâneo", que nos deu artistas como a magnífica Amália Rodrigues.

Outra importante vertente do fado português é o fado de Coimbra, nascido em meio às serenatas dos estudantes da famosa Universidade. Ainda hoje é cantado exclusivamente por homens, e tanto os vocalistas quanto os músicos vestem sempre o traje preto que remete às vestes acadêmicas.

Dentre os principais instrumentos do fado estão a guitarra portuguesa, um instrumento de seis pares de cordas que descende do cistre renascentista e que apresenta duas variações locais, a de Lisboa (de formato mais arredondado e timbre mais agudo) e de Coimbra (com braço mais comprido e timbre mais grave); e o violão (chamado de "guitarra clássica" em Portugal).

Declarado Patrimônio Cultural da Humanidade em 2011, o fado ainda goza de muita popularidade e prestígio, tanto em Portugal quanto em outros países, e uma nova geração de novos artistas vem mantendo viva esta belíssima tradição musical que, como poucas, nos apresenta um reflexo genuíno da alma do povo português: melancólica mas cheia de beleza.



Carlos Paredes


Abaixo, três sugestões de fado instrumental com grandes nomes da guitarra portuguesa:

ESSENCIAL – Carlos Paredes

Conhecido como "O Mestre da Guitarra Portuguesa" e "Homem dos Mil Dedos", Carlos Paredes nasceu em Coimbra, em 1925. Suas influências musicais vêm de berço, uma vez que vários de seus parentes próximos foram grandes expoentes da guitarra coimbrã, como seu avô (Gonçalo Paredes) e pai (Artur Paredes, considerado um grande mestre da guitarra de Coimbra). Músico e compositor notável, e um dos principais responsáveis por popularizar o instrumento que o consagrou, Paredes tornou-se um dos maiores símbolos da cultura portuguesa de todos os tempos. Faleceu em 2004.


GUITARRA PORTUGUESA – António, Paulo & Ricardo Parreira

Considerado um mestre da guitarra portuguesa, o guitarrista, compositor e professor da Escola de Guitarra do Museu do Fado de Lisboa António Parreira, na companhia de seus filhos, os também músicos e compositores Paulo e Ricardo, gravou um belíssimo álbum instrumental em que trazem diversas guitarradas tradicionais e quatro composições originais, duas delas dedicadas às netas Maria Inês e Maria Leonor.


CANÇÕES DE PORTUGAL – Jorge Fontes

Nascido em 1935 em Vila dos Carvalhos, uma freguesia de Vila Nova de Gaia, Jorge Fontes iniciou sua carreira em Lisboa, ainda muito jovem. Integrou o elenco de várias casas de fado famosas no Bairro Alto, Lisboa, onde atuou por 29 anos, além de acompanhar artistas como Amália Rodrigues, Fernando Farinha e Ada de Castro, dentre muitos outros. Faleceu em 2010, três anos após gravar seu último álbum de estúdio.

Trilha Sonora - Yamataï

 




Em Yamataï, jogo de Bruno Cathala e Marc Paquien lançado ano passado, os jogadores são membros da corte da Rainha Himiko, que competem entre si construindo palácios e edificações nas ilhas do Arquipélago de Yamataï para ganhar os favores da monarca.

O nome do jogo deriva de Yamatai-koku (ou Yamato-koku), um país localizado no arquipélago japonês durante o yayoi jidai, a Idade do Ferro de Wa (o Japão Antigo), período que vai de 300 a.C. até 300 d.C. Sua localização exata ainda é debatida entre historiadores, mas os locais mais prováveis são ao norte da ilha de Kyushu ou na região central de Honshu, a maior ilha do arquipélago.

Himiko, rainha-sacerdotisa de Yamatai-koku, teria supostamente governado o país de 189 d.C., quando foi aclamada pela população após um longo período de conflito militar, até 248 d.C., ano de sua morte, aos 70 anos de idade.

Sim, "supostamente", pois não há provas históricas irrefutáveis de sua existência.

A primeira menção a Himiko encontra-se nos Registro dos Três Reinos, um texto histórico chinês escrito no final do século III, que menciona a missão diplomática enviada ao Estado de Wei, na China, pela "rainha Himiko de Wa, a quem consideramos oficialmente nossa estimada amiga" e adiciona, casualmente, que a rainha era conhecida por "praticar magia e feitiçaria"!

Em fontes japonesas, somente o Nihon Shoki ("Crônicas do Japão", escrito em aproximadamente 720 d.C.), menciona um episódio semelhante, mas sem citar nomes, dizendo apenas que "A Rainha de Wa mandou emissários a Wei" em 239 d.C., que retornaram no ano seguinte "trazendo consigo o selo e o rescrito do Imperador".

As parcas menções históricas tornam difícil confirmar a identidade verdadeira de Himiko, pois enquanto os registros chineses falam sobre ela inequivocamente como uma rainha japonesa, seu nome não é encontrado em importantes fontes históricas locais como o Kojiki ou o já mencionado Nihon Shoki. Muitos historiadores a associam com a Imperatriz-consorte Jingo, que governou o Japão no século III; já outros afirmam que sua história fora inspirada na figura de alguma proeminente sacerdotisa do Japão Antigo.

Lendas e história se misturam nas narrativas sobre Yamatai-koku e sua Rainha Himiko, o que nos dá a oportunidade de explorar vários tipos de música que vão além da música tradicional japonesa.

Começo com o flautista, compositor e produtor canadense Ron Korb, que possui uma extensa carreira com mais de 30 discos solo. Sua música engloba vários gêneros diferentes, como erudito, jazz, new age e estilos tradicionais. Ele é bastante famoso na Ásia e conhecido no Japão como "Furuto no kikoshi" ou "Príncipe das flautas". Três de seus discos casam muito bem com este jogo:



Gravado em 1993 em Tóquio e Osaka, traz uma interessante fusão entre instrumentos tradicionais japoneses (como koto, shakuhachi, shinobue, ryuteki e shamisen) com teclados e violão.


A primeira faixa deste álbum chama-se Yamatai e é belíssima, como todo o disco. Tenha em mente, porém, que as faixas 4, 5, 9 e 10 não possuem estilo ou instrumentação oriental.


Deste excelente disco, no qual Korb faz uso de flautas e instrumentos de sopro de várias partes do mundo, recomendo as faixas 1 a 7, que utilizam instrumentos orientais como o shakuhachi e o xiao.


ZEN - Terry Oldfield

Terry Oldfield é um renomado flautista e compositor inglês, irmão mais velho de Mike Oldfield (autor do progressivo Tubular Bells). Terry compôs trilhas sonoras para mais de 80 programas de televisão - recebendo duas indicações ao Prêmio Emmy - e tem cerca de 45 discos gravados em sua carreira. Em Zen ele utiliza o shakuhachi (flauta japonesa de bambu), koto, teclados e percussão para criar uma atmosfera serena e etérea.


SPRING SEA - Riley Lee

Nascido no Texas, o americano Riley Lee foi o primeiro ocidental a obter o grau de Dai Shihan (grande mestre) no shakuhachi, em 1980. Ele morou no Japão de 1970 a 1977, período no qual dedicou-se ao estudo intensivo da flauta japonesa com grandes mestres locais, mudando-se posteriormente para o Havaí e a Austrália, onde vive até hoje. Lee também possui doutorado em etnomusicologia e atualmente ministra workshops e aulas particulares. Sua discografia possui mais de 80 discos, incluindo várias parcerias com músicos australianos e havaianos, como no álbum aqui selecionado, Spring Sea, que conta com a participação do harpista australiano Marshall McGuire e tem a proposta de harmonizar instrumentos tão musicalmente diferentes como o shakuhachi e a harpa sinfônica.

 

quinta-feira, 4 de março de 2021

Trilha Sonora - Amerigo

 


 

Em Amerigo, jogo criado por Stefan Feld, os jogadores embarcam com o famoso navegador florentino Américo Vespúcio em uma viagem para explorar e estabelecer colônias no Novo Mundo.

Nascido na República de Florença em 1454, Américo Vespúcio foi um explorador, cartógrafo e navegador que participou de várias expedições organizadas pela Coroa Espanhola ao Novo Mundo entre os anos de 1499 e 1504.

Como resultado destas viagens, Vespúcio provou que as terras a oeste da Europa, como o Brasil e as Índias Ocidentais não eram a “ponta oriental” da Ásia, como conjecturara Cristóvão Colombo, mas sim parte de outro continente – inicialmente denominado “Novo Mundo” e, posteriormente, de “América” em sua homenagem.

Para musicar este jogo, uma vez que Vespúcio navegou sob a bandeira da Espanha, escolhi música renascentista espanhola para viola de mão (ou vihuela) e violão renascentista.

A viola de mão foi um cordofone surgido nas cortes espanholas a partir do alaúde. O instrumento rapidamente tornou-se popular e foi amplamente utilizado nas Penínsulas Ibérica e Italiana, bem como em suas colônias, durante os séculos XV e XVI. Muito parecido com o violão moderno, do qual é um ancestral direto, possuía seis pares de cordas que eram tocadas com os dedos.

O violão renascentista também surgiu na Península Ibérica, no século XVI, posteriormente chegando à França e à Inglaterra. Era menor que a vihuela e possuía, originalmente, quatro pares de cordas. Também era tocado com as mãos, e posteriormente deu origem ao violão barroco.

Várias obras originais para estes instrumentos foram preservadas até os dias de hoje, servindo como base para os álbuns reproduzidos abaixo. 
 
 
LUYS MILÁN (c. 1500 – 1561)
 
Luys Milán
 
Nascido em Valência no século XVI, o músico e compositor Luys Milán foi o primeiro compositor da História a publicar partituras para a viola de mão, além de ser um dos primeiro músicos a especificar o tempo da música em suas cifras. Durante sua vida publicou três importantíssimos livros de tablaturas para a vihuela: El juego del mandar (1535), El Maestro (sua obra mais importante, publicada em 1536) e El Cortesano (1561) e compôs em diversos gêneros, como fantasias, pavanas, vilancicos e sonetos, entre outros.

EL MAESTRO – LIBRO I (1536) – José Antonio Escobar


ALONSO MUDARRA (1510 – 1580)
Compositor, escritor, padre e cânone da catedral de Sevilha, Alonso Mudarra foi um músico inovador e prolífico. Compôs inúmeras obras para viola de mão e violão renascentista em vários estilos, que incluíam fantasias, variações, galliards, pavanas, canciones e sonetos. Suas obras para ambos os instrumentos foram publicadas em 1546 na coleção Trés libros de musica en cifras para vihuela, cujas músicas foram interpretadas pelo músico americano Hopkinson Smith no álbum abaixo.

TRES LIBROS DE MÚSICA EM CIFRAS PARA VIHUELA – Hopkinson Smith



Para finalizar esta seleção musical, escolhi o álbum do músico espanhol Fernando Espí, que traz diversas obras da Renascença Espanhola para viola de mão e violão renascentista de autoria de vários compositores ibéricos dos séculos XV e XVI.

DEZIDLE AL CAVALLERO: OBRAS PARA VIHUELA Y GUITARRA RENACENTISTA – Fernando Espí
https://open.spotify.com/album/1bqjofCphrDx63iE8moxjC
 
 

Trilha Sonora - Orléans

luminura medieval que traz um monge, um cavaleiro e um camponês, original do tomo "Le régime du corps", escrito pelo médico italiano Aldebrandino da Siena (cópia Sloane 2435, séc. XIII, British Library), e que inspirou a arte da capa do jogo.

 

Em Orléans os jogadores assumem o papel de aristocratas e nobres que devem criar uma rede de comércio e influência durante a Idade Média na cidade francesa de Orléans e na Região do Vale do Loire.

Seguindo essa premissa, para a trilha sonora deste excelente jogo busquei a música dos trouvères medievais franceses.

Os trouvères eram poetas e compositores que viveram nas regiões central e norte da França entre os séculos XII e XIV, compondo canções e poesias em francês medieval e em vários de seus dialetos, como o valão e o normando. Em muitos aspectos eram similares aos troubadours do sul da França, ainda que existam entre ambos várias diferenças de estilos, composição e até mesmo idioma (não se falava francês ao sul, mas sim provençal e occitano).

Ao contrário dos menestréis errantes, que eram artistas populares, trouvères eram oriundos da nobreza e da aristocracia francesa – e, não raro, muitos deles eram reis, nobres e aristocratas – que valorizava muito a música e a poesia em suas cortes. Estes músicos e poetas também eram imensamente populares entre as classes médias urbanas, que costumavam patrocinar sua arte tanto quanto a nobreza.

Muitas de suas obras tinham como tema principal a vida quotidiana, o amor cortês ("les fine amors"), a devoção religiosa e, ocasionalmente, as sátiras. Suas poesias, em estilo lírico, normalmente eram declamadas com acompanhamento musical.

As canções compostas pelos trouvères eram monofônicas (isto é, possuíam uma única linha melódica) e incluíam prelúdios e interlúdios. Dentre seus estilos principais estavam chansons, vers, motetos, danças e litanias religiosas.

Abaixo, apresento quatro excelentes álbuns de música medieval instrumental e vocal que reproduzem canções e músicas compostas pelos trouvères franceses durante a Idade Média.


MOYEN AGE – La Camerata de Paris
https://open.spotify.com/album/69a6IkPT1QF9Ymrw93QdUd


MUSIQUE DES TROUVÈRES ET DES TROUBADOURS – Les Musiciens de Provence
https://open.spotify.com/album/656xYZHMYvIfmNmW6iUcyq


ON THE BANKS OF THE SEINE: MUSIC OF THE TROUVÈRES - The Duffay Collective
https://open.spotify.com/album/1SgeB4iwSBvMITEFvwGBOz


TROUVÈRES: HÖFISCHE LIEBESLIEDER AUS NORDFRANKREICH - Sequentia
https://open.spotify.com/album/4SfY2wTVbaPs1gitfXDqiP

 

 

Trilha Sonora - Ganges

     

Taj Mahal e sua Grande Porta, com o Rio Yamuna ao fundo, em Agra

 

 

Em Rajas of the Ganges, jogo criado pelo casal Inka e Marcus Brand e ambientado durante o auge do Império Mogol (século XVII), os jogadores assumem o papel de rajás e ranis que devem desenvolver suas províncias ao mesmo tempo em que acumulam fama e riqueza junto ao Imperador.

Para criar a trilha sonora deste jogo, fiz uma seleção de música clássica indiana.

A música clássica indiana divide-se, desde o século XVI, em duas tradições principais: hindustani, ao norte, e carnática, ao sul.

A tradição musical hindustani formou-se em um longo processo a partir do século XIV, durante o qual sofreu influência das tradições musicais persas e árabes, atingindo seu apogeu no século XVI durante o reinado do Imperador Akbar I.

Dentre os principais instrumentos musicais desta tradição clássica estão o sitar, o sarod, a tampura, o santoor, o sarangi, o bansuri e a tabla.

Apesar de várias diferenças estilísticas, ambas as tradições musicais indianas possuem como elementos principais característicos o raga e a tala. Enquanto o raga forma a estrutura melódica da música sobre a qual os músicos desenvolvem suas improvisações, a tala é o registro de tempo ou métrico (esses dois elementos são importantíssimos para a música clássica indiana, que não emprega elementos ocidentais tais como harmonia, contraponto, acordes ou modulação).

Para representar este tradicional estilo musical indiano, trago quatro sugestões de discos de grandes nomes da música hindustani e que também pode ser utilizado com outros jogos que compatilham a mesma ambientação, como Agra e Taj Mahal.



RAGAS & TALAS - Ravi Shankar

Nascido em Varanasi em 1920, pandit (mestre) Ravi Shankar tornou-se um dos maiores nomes da música indiana de todos os tempos, mundialmente conhecido por seu virtuosismo ímpar com o sitar. Além de seu talento como músico e compositor, Ravi Shankar também foi responsável por divulgar a música indiana no ocidente através de uma série de turnês pela América e Europa iniciadas ao final da década de 1950 e de suas freqüentes colaborações com vários músicos, como Yehudi Menuhim e George Harrison. Shankar recebeu diversos prêmios e indicações, como cinco Grammys e, em 1999, recebeu do governo indiano o Bharat Ratna, a maior condecoração dada a um civil no país.

Ele continuou se apresentado até sua morte, em 2012, causada por complicações resultantes de uma cirurgia coronária. Duas de suas filhas, Anoushka Shankar e Norah Jones, também seguiram carreira na música.


BANSURI: THE INDIAN FLUTE - Ronu Majumdar

Um dos maiores expoentes do bansuri, a flauta indiana de bambu, pandit Ronu Majumdar é também um prolífico compositor, com uma carreira de mais de trinta discos que cobrem diversos estilos, desde a música tradicional hindustani à fusão de estilos musicais, particularmente com a música Clássica ocidental. Sua carreira também inclui colaborações com grandes nomes da música tradicional, como Ravi Shankar e Ali Akbar Khan. Majumdar também foi professor de diversos jovens músicos, como o cingapuriano Raghavendran Rajasekaran.


INDIAN ARCHITECTEXTURE – Ali Akbar Khan

Nascido em 1922 na vila de Shibpur, em Bangladesh, ustad (maestro) Ali Akbar Khan foi um músico hindustani conhecido por seu virtuosismo com o sarod. Desde criança aprendeu diversos instrumentos tradicionais com seu pai, o multi-instrumentista e músico da corte do marajá de Maihar, Allauddin Khan. Aos 21 anos, por recomendação de seu pai, Ali Akbar tornou-se músico da corte do marajá de Jodhpur, e durante essse período, ele desenvolveu paralelamente suas habilidades como compositor e professor de música. Em 1947, com a independência da Índia, ele se mudou para Bombaim, onde estabeleceu uma bem-sucedida carreira compondo trilhas sonoras. Em 1956 ele fundou sua primeira escola de música, o Ali Akbar College of Music em Calcutá, onde viveu até 1967, quando se mudou em definitivo para a Califórnia, fundando uma nova escola de música hindustani. Ele morou nos EUA até sua morte, em 2009, em decorrência de problemas renais.


ANOURAG - Anoushka Shankar

Nascida em Londres e filha de Ravi Shankar, Anoushka começou a praticar o sitar e a tampura com seu pai desde os sete anos de idade, e aos dez passou acompanhá-lo durante suas turnês. Ela gravou seu primeiro disco de música tradicional, Anoushka, em 1998, aos dezessete anos de idade. Seus três primeiros álbuns, que incluem também Anourag e Live at the Carnegie Hall, ambos lançados em 2000, trazem ragas clássicos compostos por seu pai. Após um hiato de cinco anos, Anoushka lançou seu terceiro disco de estúdio, Rise, mesclando a música tradicional indiana com elementos de jazz, pop e world-music, adotando o estilo que tem marcado todos os seus álbuns desde então.

Trilha Sonora - Yokohama

 

Yokohama durante a Era Meiji

Em Yokohama, jogo lançado em 2016 pelo designer japonês Hisashi Hayashi, os jogadores assumem o papel de comerciantes na cidade japonesa de que dá nome ao jogo durante a Era Meiji, e devem investir em seus negócios construindo redes de lojas, ampliando suas redes comerciais e exportando produtos com alta demanda, como cobre e seda.

Historicamente, a época conhecida como Era Meiji (1868 - 1912, quando o Japão foi governado pelo Imperador Matsuhito, conhecido como Meiji, o Grande) caracterizou-se como um período de modernização rápida e extensa do país, que em poucos anos deixou de ser uma nação feudal, passou por uma revolução industrial e tornou-se uma potência capitalista moderna. A Era Meiji também trouxe profundas mudanças na estrutura social, na organização política, na economia, nas forças armadas e nas relações exteriores do Império Japonês.

Durante a Era Meiji, os três principais estilos musicais foram o gagaku (literalmente música elegante), a música tradicional da corte imperial japonesa); o enka, mais especificamente, o Shoshi Enka, um gênero de música popular tradicional (e que não deve ser confundido com o enka moderno cantado atualmente em karaokês e surgida no período pós-guerra) e a música erudita de influência ocidental, que fincou raízes no Japão a partir da fundação da Escola de Música de Tóquio em 1879 por Shuji Isawa, músico formado na Universidade de Harvard.

E para a trilha sonora de Yokohama escolhi a música de um dos mais brilhantes compositores eruditos da Era Meiji: Kosaku Yamada (1886 - 1965).

Nascido em Tokyo, Yamada estudou na Escola de Música de Tóquio e, após sua graduação mudou-se para a Alemanha para estudar composição e piano na Berlin Hochschule (de 1910 até 1913) sob a batuta de renomados compositores Românticos alemães, como Max Bruch, retornando ao Japão após o término de seus estudos.

Em 1918 Yamada mudou-se para os Estados Unidos, onde trabalhou por dois anos como maestro, regendo várias orquestras, incluindo a recém-formada Filarmônica de Nova Iorque.

Compositor prolífico, deixou mais de 1.600 obras, incluindo sinfonias, música de câmara, solos para piano, obras corais, um balé inacabado (Maria Magdalena) e três óperas, incluindo aquela que é, provavelmente, a ópera japonesa mais famosa de todas, Kurofune.

Yamada também teve grande importância como maestro, e foi pioneiro em apresentar obras de Wagner, Sibelius, Dvorák, e outros importantes compositores ocidentais para o público japonês.

Escolhi dois belos álbuns de Yamada para musicar este jogo:

SYMPHONY IN F MAJOR - TRIUMPH AND PEACE

Este primeiro álbum apresenta quatro obras de Yamada executadas pela Orquestra Sinfônica da Nova Zelândia e a Orquestra de Ulster, sob regência do maestro Takuo Yuasa, incluindo a belíssima Sinfonia em Fá Maior - Triunfo e Paz, que mostra claramente a influência de compositores como Mozart, Beethoven, Schubert, Mendelssohn, Brahms and Dvořák, além da Abertura em Ré Maior e dois poemas sinfônicos.

SYMPHONIES

Este álbum traz três sinfonias interpretadas pela Orquestra Sinfônica Metropolitana de Tóquio, sob regência de Takuo Yuasa, incluindo a interessante Sinfonia Nagauta, composta em 1934, obra em que Yamada combinou uma orquestra tradicional erudita com o nagauta, a música tradicional japonesa utilizada nas apresentações de kabuki.


Trilha Sonora - Tekhenu

Obelisco do Templo de Karnak, em Luxor

Tekhenu: Obelisco do Sol é a primeira parceria de dois fantásticos designers: o italiano Daniele Tascini (The Voyages of Marco Polo, Tzolk'in, Teotihuacan) e o húngaro Dávid Turczi (Anachrony, Dice Settlers, Days of Ire: Budapest 1956). 

Neste euro temático de seleção de dados, os jogadores assumem o papel de arquitetos,sacerdotes e administradores do Antigo Egito responsáveis por ampliar o conjunto de templos de Luxor (construindo estátuas, colunas e edifícios) e manter a população próspera e feliz. O nome do jogo, Tekhenu, significa "obelisco" em egípcio antigo.

 

Trupe de musicistas egípcias

Através de evidências históricas, literárias e arqueológicas sabemos que a música, tanto popular quanto religiosa, era parte integral da sociedade egípcia. Porém, como aconteceu com muitos povos da Antigüidade, a música do Egito faraônico infelizmente se perdeu, já que os egípcios não empregavam qualquer forma de notação musical antes do período greco-romano.


No entanto, por meio da análise de instrumentos musicais encontrados em túmulos e sítios arqueológicos, músicos e musicólogos deduziram que os egípcios antigos empregavam uma escala pentatônica menor em suas composições. Dentre os inúmeros instrumentos musicais utilizados no Egito Faraônico, muitos dos quais eram decorados com pedras preciosas e nomes de deuses da música, estavam a lira, a harpa, vários tipos de flautas (incluindo flautas longas e flautas duplas), trombetas e diversos instrumentos de percussão, como tambores, chocalhos, címbalos e sistros.

Baseados nestas informações, desde a segunda metade do século XX vários musicólogos, como Hans Hickmann e Khairy el-Malt, iniciaram projetos de reconstrução da música do Egito Antigo.

Para sonorizar Tekhenu escolhi quatro álbuns de diferentes estilos que, tenho certeza, enriquecerão muito sua experiência lúdica - e que também podem ser utilizados em outros jogos como Imhotep, Egyzia, Amun-Re ou Cleopatra and The Society of Architects.


ANCIENT EGYPT - Ali Jihad Racy


A música deste álbum foi composta e executada pelo multi-instrumentista, professor da UCLA e musicólogo libanês Ali Jihad Racy especialmente para a Mostra do Rei Tutancâmon, exibida em 1978 no Seattle Art Museum. Suas principais inspirações foram a arte e o simbolismo religioso do Livro dos Mortos. Racy empregou vários instrumentos tradicionais do Egito e Oriente Médio, como nay, salamiyah, buzouq, mijwiz e mizmar para criar esta obra sublime e atemporal.


ANKH - THE SOUND OF ANCIENT EGYPT - Michael Atherton


Este disco surgiu à partir de um projeto de reconstrução musical encomendada pelo Australian Museum, de Sydney, ao compositor e multi-instrumentista inglês Michael Atherton para uma mostra sobre o Egito Antigo. Seu extenso projeto de pesquisa e arqueologia musical incluiu o estudo de registros visuais e literários egípcios, bem como artefatos musicais originais. Atherton também fez uso de sua vasta experiência com monofonias medievais, música folclórica e etnomusicologia. O resultado foi Ankh - The Sound of Ancient Egypt, lançado em 1998. Ainda que a música deste disco não seja totalmente autêntica - afinal, é um trabalho de reconstrução musical - é absolutamente envolvente e encantadora.


AMUN RA - Medwyn Goodall


Medwyn Goodall é um prolífico compositor inglês de música new age, ambiente e neofolk, com mais de 30 anos de carreira e 75 álbuns lançados, incluindo discos-solo e diversas parcerias. Grande parte de suas composições são baseadas em lendas, mitos e lugares históricos, como Amun Ra. Lançado em 2008, o disco é inspirado no Egito Antigo e seu legado cultural, da Antigüidade até os dias atuais. Goodall utiliza uma vasta gama de instrumentos, como sintetizadores, violão, saltério, flauta doce, kawala, duduk, percussão e voz para navegar por diversos gêneros, como o folk egípcio, a música ambiente e envolventes temas instrumentais.


ADVENTURE CARGO - Echoes of Egypt

Echoes of Egypt é o terceiro álbum do Adventure Cargo, um projeto de world music criado pelos músicos americanos Diane & David Arkenstone, que criaram quatro discos inspirados em diferentes regiões do mundo. Em suas cinco longas faixas, que evocam os marcos arquitetônicos do Antigo Egito e suas exóticas paisagens naturais, embarcamos em uma fantástica viagem musical que mescla harmoniosamente sintetizadores, violões, violinos, flautas, voz, percussão e instrumentos musicais do Oriente Médio.

Infelizmente até o presente momento este álbum não está disponível no Spotify aqui no Brasil. Porém, é um disco tão bom que achei importante mencioná-lo aqui.

 

 

Trilha Sonora - Paris

  Acordeonista em Paris, foto de Kenny Ingle   Lançado em 2020, Paris é mais um jogo feito pela dupla Wolfgang Kramer & Michael Kiesling...