segunda-feira, 8 de março de 2021

Trilha Sonora - Yamataï

 




Em Yamataï, jogo de Bruno Cathala e Marc Paquien lançado ano passado, os jogadores são membros da corte da Rainha Himiko, que competem entre si construindo palácios e edificações nas ilhas do Arquipélago de Yamataï para ganhar os favores da monarca.

O nome do jogo deriva de Yamatai-koku (ou Yamato-koku), um país localizado no arquipélago japonês durante o yayoi jidai, a Idade do Ferro de Wa (o Japão Antigo), período que vai de 300 a.C. até 300 d.C. Sua localização exata ainda é debatida entre historiadores, mas os locais mais prováveis são ao norte da ilha de Kyushu ou na região central de Honshu, a maior ilha do arquipélago.

Himiko, rainha-sacerdotisa de Yamatai-koku, teria supostamente governado o país de 189 d.C., quando foi aclamada pela população após um longo período de conflito militar, até 248 d.C., ano de sua morte, aos 70 anos de idade.

Sim, "supostamente", pois não há provas históricas irrefutáveis de sua existência.

A primeira menção a Himiko encontra-se nos Registro dos Três Reinos, um texto histórico chinês escrito no final do século III, que menciona a missão diplomática enviada ao Estado de Wei, na China, pela "rainha Himiko de Wa, a quem consideramos oficialmente nossa estimada amiga" e adiciona, casualmente, que a rainha era conhecida por "praticar magia e feitiçaria"!

Em fontes japonesas, somente o Nihon Shoki ("Crônicas do Japão", escrito em aproximadamente 720 d.C.), menciona um episódio semelhante, mas sem citar nomes, dizendo apenas que "A Rainha de Wa mandou emissários a Wei" em 239 d.C., que retornaram no ano seguinte "trazendo consigo o selo e o rescrito do Imperador".

As parcas menções históricas tornam difícil confirmar a identidade verdadeira de Himiko, pois enquanto os registros chineses falam sobre ela inequivocamente como uma rainha japonesa, seu nome não é encontrado em importantes fontes históricas locais como o Kojiki ou o já mencionado Nihon Shoki. Muitos historiadores a associam com a Imperatriz-consorte Jingo, que governou o Japão no século III; já outros afirmam que sua história fora inspirada na figura de alguma proeminente sacerdotisa do Japão Antigo.

Lendas e história se misturam nas narrativas sobre Yamatai-koku e sua Rainha Himiko, o que nos dá a oportunidade de explorar vários tipos de música que vão além da música tradicional japonesa.

Começo com o flautista, compositor e produtor canadense Ron Korb, que possui uma extensa carreira com mais de 30 discos solo. Sua música engloba vários gêneros diferentes, como erudito, jazz, new age e estilos tradicionais. Ele é bastante famoso na Ásia e conhecido no Japão como "Furuto no kikoshi" ou "Príncipe das flautas". Três de seus discos casam muito bem com este jogo:



Gravado em 1993 em Tóquio e Osaka, traz uma interessante fusão entre instrumentos tradicionais japoneses (como koto, shakuhachi, shinobue, ryuteki e shamisen) com teclados e violão.


A primeira faixa deste álbum chama-se Yamatai e é belíssima, como todo o disco. Tenha em mente, porém, que as faixas 4, 5, 9 e 10 não possuem estilo ou instrumentação oriental.


Deste excelente disco, no qual Korb faz uso de flautas e instrumentos de sopro de várias partes do mundo, recomendo as faixas 1 a 7, que utilizam instrumentos orientais como o shakuhachi e o xiao.


ZEN - Terry Oldfield

Terry Oldfield é um renomado flautista e compositor inglês, irmão mais velho de Mike Oldfield (autor do progressivo Tubular Bells). Terry compôs trilhas sonoras para mais de 80 programas de televisão - recebendo duas indicações ao Prêmio Emmy - e tem cerca de 45 discos gravados em sua carreira. Em Zen ele utiliza o shakuhachi (flauta japonesa de bambu), koto, teclados e percussão para criar uma atmosfera serena e etérea.


SPRING SEA - Riley Lee

Nascido no Texas, o americano Riley Lee foi o primeiro ocidental a obter o grau de Dai Shihan (grande mestre) no shakuhachi, em 1980. Ele morou no Japão de 1970 a 1977, período no qual dedicou-se ao estudo intensivo da flauta japonesa com grandes mestres locais, mudando-se posteriormente para o Havaí e a Austrália, onde vive até hoje. Lee também possui doutorado em etnomusicologia e atualmente ministra workshops e aulas particulares. Sua discografia possui mais de 80 discos, incluindo várias parcerias com músicos australianos e havaianos, como no álbum aqui selecionado, Spring Sea, que conta com a participação do harpista australiano Marshall McGuire e tem a proposta de harmonizar instrumentos tão musicalmente diferentes como o shakuhachi e a harpa sinfônica.

 

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