quinta-feira, 20 de maio de 2021

Trilha Sonora - Paris

 

Acordeonista em Paris, foto de Kenny Ingle

 

Lançado em 2020, Paris é mais um jogo feito pela dupla Wolfgang Kramer & Michael Kiesling, onde os jogadores assumem o papel de investidores imobiliários na Cidade Luz durante La Belle Époque.

Compreendido entre o fim da Guerra Franco-Prussiana (1871) e o início da I Guerra Mundial (1914), La Belle Époque foi um período da história francesa marcado pelo otimismo e o joie de vivre da população (especialmente em Paris), a paz, a prosperidade econômica e diversas inovações culturais, tecnológicas e científicas.
 
O nome foi dado no período entre-guerras, que considerava essa época uma espécie de "Idade de Ouro" quando comparada com os horrores e a devastação provocadas na Europa pela Grande Guerra.
 
Musicalmente o período foi marcado pela transição do Romantismo para o Modernismo, com destaque para compositores como Debussy, Satie, Massenet, Saint-Saëns, Ravel e Stravinsky. Na música popular, dois importantes gêneros surgidos no período foram a música de salão e a bal-musette.

A música de salão consistia em obras para piano, de curta duração, carregadas de emoção e virtuosismo, fortemente influenciadas pelo Romantismo erudito. "Salão", neste contexto, refere-se a reuniões sociais e encontros culturais abertas ao público que ocorriam nas casas de aristocratas e membros da classe média, nos quais os convidados abordavam uma série de tópicos, como política, artes, ciência e filosofia. Foram muito populares nas grandes cidades da Europa entre o século XVIII e o início do século XX.

Já a bal-musette surgiu em Paris a partir da década de 1880. Tudo começou com o bourrée, um estilo de dança regional trazido para a capital francesa por migrantes auvernheses que abriram bares e cafés na cidade no século XIX. Tradicionalmente, o bourrée utilizava musettes (uma pequena gaita de fole francesa) e vielas de roda. Posteriormente, acordeonistas parisienses e italianos que passaram a se apresentar nesses bares e cafés - principalmente no 19º Distrito - adaptaram o ritmo ao seu instrumento, mesclando-o com elementos da valsa e da polca, dando origem ao bal-musette e seus sub-gêneros.
 
Como passar dos anos, o estilo tornou-se imensamente popular, e a partir de 1945 tornou-se o ritmo de dança mais popular do país, estabelecendo-se como referência de música francesa - particularmente da música parisiense - ao lado da chanson.
 
Abaixo, indico três álbuns do estilo para embalar suas sessões de jogo:


PARIS ALONG THE SEINE - vários intérpretes
https://open.spotify.com/album/3ijH2Hyt97VrItET8Anegc

SOUVENIR FROM PARIS - Max Marino & Corinne Lesage
https://open.spotify.com/album/2Cqf5TCoyaAC2oteGVa91i

CAFÉ PARIS - Enrique Ugarte
https://open.spotify.com/album/2CQC3OjeiOhkEvOyAcC7JQ
 

segunda-feira, 8 de março de 2021

Trilha Sonora - Pulsar

 


Pulsar (concepção artística)


Pulsar 2849 é um jogo com tema de ficção-científica criado pelo designer tcheco Vladimír Suchý no qual os jogadores assumem o controle de corporações futuristas que estão explorando um aglomerado estelar em nossa galáxia com o intuito de instalar gigantescas estruturas anelares conhecidas como giro-dínamos ao redor de pulsares (estrelas de nêutrons resultantes de supernovas e que emitem pulsos regulares de energia eletromagnética) para extrair sua energia.

Para sonorizar este jogo fantástico, escolhi três álbuns de space music que ajudarão a criar a atmosfera ideal para o o jogo:


ROSETTA - Vangelis

Evángelos Odysséas Papathanassíou, conhecido pelo nome artístico de Vangelis, é um músico e compositor grego cuja longa carreira abarca gêneros tão distintos como música eletrônica, rock progressivo, jazz e música sinfônica, além de trilhas sonoras famosas como Carruagens de Fogo (que lhe rendeu o Oscar de Melhor Trilha Sonora em 1981), Blade Runner, 1942 - A Conquista do Paraíso e Alexandre.

Outros pontos altos de sua carreira incluem a banda de rock progressivo Aphrodite's Child, fundada em Paris em 1968 juntamente com outros músicos gregos expatriados na França (como o vocalista Demis Roussos) e a formação, no início da década de 1980, da dupla Jon & Vangelis com o vocalista do Yes Jon Anderson.

Rosetta, lançado em 2016, é seu 18o álbum de estúdio e terceiro com temática espacial (juntamente com Albedo 0.39 e Mythodea) e foi dedicado ao projeto da sonda espacial de mesmo nome lançada pela ESA em 2004 para estudar o cometa 67/P Churyumov-Gerasimenko.

O álbum alterna faixas grandiosas e serenas que expressam, com muita beleza (como é típico da obra de Vangelis), todo o sentimento associado a uma missão espacial.


PIONEER - Altus

Criado pelo músico e compositor canadense Mike Carss, Altus é um projeto musical que ele próprio define como "jornadas aurais para a imaginação". Em Pioneer, seu álbum mais recente, o ouvinte embarca em uma exuberante viagem musical para explorar mundos e galáxias distantes, com temas progressivos envolventes e épicos que criam uma perfeita paisagem sonora de exploração cósmica.


MERIDIAN - Ascendant

Meridian é o terceiro dos quatro álbuns de estúdio lançado pela dupla de ambient e space music Ascendant, formada pelos músicos e produtores americanos Chris Bryant e Don C. Tyler (também fundadores da gravadora independente Synphaera Records). Com texturas eletrônicas exuberantes e harmonias delicadas e ricas, suas dez faixas criam paisagens sonoras que evocam a vastidão do espaço, a solidão de uma longa viagem espacial e os sentimentos de descoberta e encanto associados à exploração do cosmos.


ETA CARINAE – VAAST

VAAST (acrônimo para Velocity Automated Astronomical Sound Transmissions) é um projeto de space / ambient music do músico e produtor musical irlandês Matthew McGuinness. Eta Carinae, lançado em 2018 e cujo nome remete a um sistema estelar na constelação de Quilha, é um álbum marcante por arranjos, melodias e texturas ricos e elaborados, além de faixas que remetem ao rock progressivo de bandas como Hawkwind e Pink Floyd, levando o ouvinte a uma fantástica viagem pelo espaço sideral.

 

Trilha Sonora - Le Havre

 


Orla marítima de Le Havre


Situada na margem direita do estuário do Rio Sena, na região da Normandia, a cidade de Le Havre (cujo nome significa, simplesmente, "o porto", em francês) abriga o segundo maior porto do país em tráfego de embarcações – atrás somente do porto de Marselha – e o maior terminal de contêineres da França.

Fundada em 1517 pelo Rei Francisco I, a cidade experimentou um rápido crescimento a partir das últimas décadas do século XVIII devido ao comércio de produtos das colônias francesas no Novo Mundo.

Após severos bombardeios em 1944, que destruíram grande parte da cidade e seu porto, o arquiteto Auguste Perret elaborou um plano de reconstrução que durou de 1945 até 1964.

Nesta época do pós-guerra, impulsionado pelo período de crescimento e desenvolvimento econômico francês conhecido como Les Trente Glorieuses (aproximadamente de 1945 até 1975), Le Havre prosperou e se desenvolveu.

Porém, a partir da segunda metade da década de 1970, com o início de uma grave crise econômica, foi assolada por desemprego, diminuição de população e baixos investimentos. Essa situação perdurou até os anos de 1990, quando a iniciativa privada passou a investir no setor de serviços, e novas indústrias (aeronáutica e de turbinas eólicas) estabeleceram-se na região. Além disso, o projeto Port 2000 modernizou o porto, ampliando sua capacidade de tráfego e de armazenagem de contêineres para que pudesse concorrer com os principais portos da Europa, além de abrir um moderno terminal de navios de cruzeiro.

Levando em conta a localização da cidade e o tema do jogo, para sua trilha utilizei dois gêneros musicais tradicionais.

O primeiro foi o chant des marins (cantigas de marinheiros) normando, um gênero de música folclórica conhecido em português como celeuma e em inglês como sea shanty. Essas canções de trabalho eram utilizadas por marinheiros de navios mercantes para acompanhar e cadenciar seu trabalho, especialmente nas tarefas que envolviam trabalho coordenado de grupo, como baixar âncoras ou içar velas. Sua principal característica é a "chamada e resposta", feita entre o solista e o coro.

O segundo foram canções folclóricas tradicionais normandas, interpretadas por grupos locais e cujos temas abordam o quotidiano dos marinheiros, a pesca, o trabalho embarcado e portuário.

LE GRAND QUAI – CHANTS DE MARINS DES CÔTES NORMANDES - Marée de Paradis


CHEZ GAUD - Les Souillés de Fond de Cale


EN CONCERT… VE - Strand Hugg
https://open.spotify.com/album/0EFaH6EokLZz5RJMVCRGNs

Trilha Sonora - Merlin

 


Merlin e Artur - óleo sobre tela de Scott Gustafson


Nesta primeira parceria dos premiados designers Stefan Feld e Michael Rieneck, os jogadores assumem o papel de cavaleiros da Távola Redonda e vassalos do Rei Artur que competem entre si em uma série de tarefas e missões para se tornarem os cavaleiros mais honrados e famosos de toda a Britânia.

E para cumprir essas árduas missões, que incluem derrotar invasores bárbaros e construir diversas edificações, os jogadores terão a ajuda do Mago Merlin, conselheiro e amigo pessoal do Rei Artur.

Figura lendária dos Mitos Arturianos e da poesia medieval galesa, Merlin apareceu pela primeira vez no famoso Historia Regum Britanniae, escrito em 1136 pelo padre bretão Geoffrey de Monmouth como uma amálgama de diversas figuras míticas e históricas das Ilhas Britânicas, principalmente o lendário profeta galês Myrddin Wyllt.

Diversos outros autores contribuíram para o desenvolvimento do personagem, como o poeta francês Robert de Boron (séc. XIII), Sir Thomas Malory, autor do famoso ciclo lendário Le Morte d’Arthur (publicado pela primeira vez em 1485) e o clássico contemporâneo The Once and Future King (1958), de T.H. White, que reconta a narrativa de Malory.

Para a trilha deste jogo, escolhi três álbuns de música instrumental inspirados nas Lendas Arturianas e na figura do Mago Merlin:

AVALON – Enaid

Enaid é um projeto de música instrumental contemporânea, formado por Diane Arkenstone (teclados, vocal), seu então marido David Arkenstone (teclados, violão, bandolim e percussão), Donald Markese (flautas) e Joel Derouin (violino). Inspirado nas lendas do Rei Artur e produzido por David, Avalon traz dez faixas com instrumentação rica, melodias agradáveis e um toque cinematográfico. 


LAND OF MERLIN – Jon Mark

Conhecido principalmente por seus trabalhos com a Mark-Almond Band, John Mayall e Marianne Faithful, o cantor, guitarrista e compositor inglês Jon Mark também é responsável por uma elogiada série de discos de música instrumental lançados por sua própria gravadora desde o final da década de oitenta. Em Land of Merlin, lançado em 1992, ele cria uma rica e serena paisagem sonora baseada na região da Cornuália, sudoeste da Inglaterra, onde nasceu.


WALKING WITH MERLYN – Llewellyn

Em Walking with Merlyn, o músico e compositor galês James Harry (que utiliza o nome artístico de "Llewellyn") emprega uma vasta gama de instrumentos musicais, como teclados, violões, flautas e percussão para criar um belo álbum inspirado nas lendas do Mago Merlin. Ainda que seja nominalmente rotulado de new age, o disco traz uma fusão de diversos gêneros, como ambiente, eletrônica e chill-out.

Trilha Sonora - Azul

 

Lançado em 2018, Azul é um jogo desenvolvido pelo alemão Michael Kiesling e inspirado na nobre arte da azulejaria portuguesa.

Ainda que seja um abstrato, o jogo referencia a cultura portuguesa, e nada melhor para musicar este jogo, em minha opinião, que outra nobre arte portuguesa: o fado.

Há varias teorias acerca da origem do fado, nenhuma delas completamente comprovada. Suas origens estilísticas remetem a ritmos portugueses dos séculos XVIII e XIX, como a modinha portuguesa e as serranilhas.

Seja qual for sua origem real, o fado é um ritmo essencialmente urbano, surgido em Lisboa através da fusão histórica e cultural que caracteriza a capital portuguesa. Seus temas, principalmente no fado lisboeta tradicional, tratam de saudade, ciúme, sina, sofrimento, nostalgia, melancolia e histórias do quotidiano urbano.

O fado popularizou-se na cidade por volta de 1840, sendo então conhecido como "fado do marinheiro", e deste ritmo inicial posteriormente viriam a surgir diversos outros ritmos e sub-gêneros, como o fado corrido e o fado da cotovia.

Em constante evolução, já na virada do século o fado havia adquirido muitas de suas características, como a riqueza melódica, a complexidade rítmica e letras que incorporavam a métrica e os versos da poesia clássica. O surgimento e popularização das casas de fado na primeira metade do século XX levaram à profissionalização dos artistas e ao surgimento do "fado contemporâneo", que nos deu artistas como a magnífica Amália Rodrigues.

Outra importante vertente do fado português é o fado de Coimbra, nascido em meio às serenatas dos estudantes da famosa Universidade. Ainda hoje é cantado exclusivamente por homens, e tanto os vocalistas quanto os músicos vestem sempre o traje preto que remete às vestes acadêmicas.

Dentre os principais instrumentos do fado estão a guitarra portuguesa, um instrumento de seis pares de cordas que descende do cistre renascentista e que apresenta duas variações locais, a de Lisboa (de formato mais arredondado e timbre mais agudo) e de Coimbra (com braço mais comprido e timbre mais grave); e o violão (chamado de "guitarra clássica" em Portugal).

Declarado Patrimônio Cultural da Humanidade em 2011, o fado ainda goza de muita popularidade e prestígio, tanto em Portugal quanto em outros países, e uma nova geração de novos artistas vem mantendo viva esta belíssima tradição musical que, como poucas, nos apresenta um reflexo genuíno da alma do povo português: melancólica mas cheia de beleza.



Carlos Paredes


Abaixo, três sugestões de fado instrumental com grandes nomes da guitarra portuguesa:

ESSENCIAL – Carlos Paredes

Conhecido como "O Mestre da Guitarra Portuguesa" e "Homem dos Mil Dedos", Carlos Paredes nasceu em Coimbra, em 1925. Suas influências musicais vêm de berço, uma vez que vários de seus parentes próximos foram grandes expoentes da guitarra coimbrã, como seu avô (Gonçalo Paredes) e pai (Artur Paredes, considerado um grande mestre da guitarra de Coimbra). Músico e compositor notável, e um dos principais responsáveis por popularizar o instrumento que o consagrou, Paredes tornou-se um dos maiores símbolos da cultura portuguesa de todos os tempos. Faleceu em 2004.


GUITARRA PORTUGUESA – António, Paulo & Ricardo Parreira

Considerado um mestre da guitarra portuguesa, o guitarrista, compositor e professor da Escola de Guitarra do Museu do Fado de Lisboa António Parreira, na companhia de seus filhos, os também músicos e compositores Paulo e Ricardo, gravou um belíssimo álbum instrumental em que trazem diversas guitarradas tradicionais e quatro composições originais, duas delas dedicadas às netas Maria Inês e Maria Leonor.


CANÇÕES DE PORTUGAL – Jorge Fontes

Nascido em 1935 em Vila dos Carvalhos, uma freguesia de Vila Nova de Gaia, Jorge Fontes iniciou sua carreira em Lisboa, ainda muito jovem. Integrou o elenco de várias casas de fado famosas no Bairro Alto, Lisboa, onde atuou por 29 anos, além de acompanhar artistas como Amália Rodrigues, Fernando Farinha e Ada de Castro, dentre muitos outros. Faleceu em 2010, três anos após gravar seu último álbum de estúdio.

Trilha Sonora - Yamataï

 




Em Yamataï, jogo de Bruno Cathala e Marc Paquien lançado ano passado, os jogadores são membros da corte da Rainha Himiko, que competem entre si construindo palácios e edificações nas ilhas do Arquipélago de Yamataï para ganhar os favores da monarca.

O nome do jogo deriva de Yamatai-koku (ou Yamato-koku), um país localizado no arquipélago japonês durante o yayoi jidai, a Idade do Ferro de Wa (o Japão Antigo), período que vai de 300 a.C. até 300 d.C. Sua localização exata ainda é debatida entre historiadores, mas os locais mais prováveis são ao norte da ilha de Kyushu ou na região central de Honshu, a maior ilha do arquipélago.

Himiko, rainha-sacerdotisa de Yamatai-koku, teria supostamente governado o país de 189 d.C., quando foi aclamada pela população após um longo período de conflito militar, até 248 d.C., ano de sua morte, aos 70 anos de idade.

Sim, "supostamente", pois não há provas históricas irrefutáveis de sua existência.

A primeira menção a Himiko encontra-se nos Registro dos Três Reinos, um texto histórico chinês escrito no final do século III, que menciona a missão diplomática enviada ao Estado de Wei, na China, pela "rainha Himiko de Wa, a quem consideramos oficialmente nossa estimada amiga" e adiciona, casualmente, que a rainha era conhecida por "praticar magia e feitiçaria"!

Em fontes japonesas, somente o Nihon Shoki ("Crônicas do Japão", escrito em aproximadamente 720 d.C.), menciona um episódio semelhante, mas sem citar nomes, dizendo apenas que "A Rainha de Wa mandou emissários a Wei" em 239 d.C., que retornaram no ano seguinte "trazendo consigo o selo e o rescrito do Imperador".

As parcas menções históricas tornam difícil confirmar a identidade verdadeira de Himiko, pois enquanto os registros chineses falam sobre ela inequivocamente como uma rainha japonesa, seu nome não é encontrado em importantes fontes históricas locais como o Kojiki ou o já mencionado Nihon Shoki. Muitos historiadores a associam com a Imperatriz-consorte Jingo, que governou o Japão no século III; já outros afirmam que sua história fora inspirada na figura de alguma proeminente sacerdotisa do Japão Antigo.

Lendas e história se misturam nas narrativas sobre Yamatai-koku e sua Rainha Himiko, o que nos dá a oportunidade de explorar vários tipos de música que vão além da música tradicional japonesa.

Começo com o flautista, compositor e produtor canadense Ron Korb, que possui uma extensa carreira com mais de 30 discos solo. Sua música engloba vários gêneros diferentes, como erudito, jazz, new age e estilos tradicionais. Ele é bastante famoso na Ásia e conhecido no Japão como "Furuto no kikoshi" ou "Príncipe das flautas". Três de seus discos casam muito bem com este jogo:



Gravado em 1993 em Tóquio e Osaka, traz uma interessante fusão entre instrumentos tradicionais japoneses (como koto, shakuhachi, shinobue, ryuteki e shamisen) com teclados e violão.


A primeira faixa deste álbum chama-se Yamatai e é belíssima, como todo o disco. Tenha em mente, porém, que as faixas 4, 5, 9 e 10 não possuem estilo ou instrumentação oriental.


Deste excelente disco, no qual Korb faz uso de flautas e instrumentos de sopro de várias partes do mundo, recomendo as faixas 1 a 7, que utilizam instrumentos orientais como o shakuhachi e o xiao.


ZEN - Terry Oldfield

Terry Oldfield é um renomado flautista e compositor inglês, irmão mais velho de Mike Oldfield (autor do progressivo Tubular Bells). Terry compôs trilhas sonoras para mais de 80 programas de televisão - recebendo duas indicações ao Prêmio Emmy - e tem cerca de 45 discos gravados em sua carreira. Em Zen ele utiliza o shakuhachi (flauta japonesa de bambu), koto, teclados e percussão para criar uma atmosfera serena e etérea.


SPRING SEA - Riley Lee

Nascido no Texas, o americano Riley Lee foi o primeiro ocidental a obter o grau de Dai Shihan (grande mestre) no shakuhachi, em 1980. Ele morou no Japão de 1970 a 1977, período no qual dedicou-se ao estudo intensivo da flauta japonesa com grandes mestres locais, mudando-se posteriormente para o Havaí e a Austrália, onde vive até hoje. Lee também possui doutorado em etnomusicologia e atualmente ministra workshops e aulas particulares. Sua discografia possui mais de 80 discos, incluindo várias parcerias com músicos australianos e havaianos, como no álbum aqui selecionado, Spring Sea, que conta com a participação do harpista australiano Marshall McGuire e tem a proposta de harmonizar instrumentos tão musicalmente diferentes como o shakuhachi e a harpa sinfônica.

 

quinta-feira, 4 de março de 2021

Trilha Sonora - Amerigo

 


 

Em Amerigo, jogo criado por Stefan Feld, os jogadores embarcam com o famoso navegador florentino Américo Vespúcio em uma viagem para explorar e estabelecer colônias no Novo Mundo.

Nascido na República de Florença em 1454, Américo Vespúcio foi um explorador, cartógrafo e navegador que participou de várias expedições organizadas pela Coroa Espanhola ao Novo Mundo entre os anos de 1499 e 1504.

Como resultado destas viagens, Vespúcio provou que as terras a oeste da Europa, como o Brasil e as Índias Ocidentais não eram a “ponta oriental” da Ásia, como conjecturara Cristóvão Colombo, mas sim parte de outro continente – inicialmente denominado “Novo Mundo” e, posteriormente, de “América” em sua homenagem.

Para musicar este jogo, uma vez que Vespúcio navegou sob a bandeira da Espanha, escolhi música renascentista espanhola para viola de mão (ou vihuela) e violão renascentista.

A viola de mão foi um cordofone surgido nas cortes espanholas a partir do alaúde. O instrumento rapidamente tornou-se popular e foi amplamente utilizado nas Penínsulas Ibérica e Italiana, bem como em suas colônias, durante os séculos XV e XVI. Muito parecido com o violão moderno, do qual é um ancestral direto, possuía seis pares de cordas que eram tocadas com os dedos.

O violão renascentista também surgiu na Península Ibérica, no século XVI, posteriormente chegando à França e à Inglaterra. Era menor que a vihuela e possuía, originalmente, quatro pares de cordas. Também era tocado com as mãos, e posteriormente deu origem ao violão barroco.

Várias obras originais para estes instrumentos foram preservadas até os dias de hoje, servindo como base para os álbuns reproduzidos abaixo. 
 
 
LUYS MILÁN (c. 1500 – 1561)
 
Luys Milán
 
Nascido em Valência no século XVI, o músico e compositor Luys Milán foi o primeiro compositor da História a publicar partituras para a viola de mão, além de ser um dos primeiro músicos a especificar o tempo da música em suas cifras. Durante sua vida publicou três importantíssimos livros de tablaturas para a vihuela: El juego del mandar (1535), El Maestro (sua obra mais importante, publicada em 1536) e El Cortesano (1561) e compôs em diversos gêneros, como fantasias, pavanas, vilancicos e sonetos, entre outros.

EL MAESTRO – LIBRO I (1536) – José Antonio Escobar


ALONSO MUDARRA (1510 – 1580)
Compositor, escritor, padre e cânone da catedral de Sevilha, Alonso Mudarra foi um músico inovador e prolífico. Compôs inúmeras obras para viola de mão e violão renascentista em vários estilos, que incluíam fantasias, variações, galliards, pavanas, canciones e sonetos. Suas obras para ambos os instrumentos foram publicadas em 1546 na coleção Trés libros de musica en cifras para vihuela, cujas músicas foram interpretadas pelo músico americano Hopkinson Smith no álbum abaixo.

TRES LIBROS DE MÚSICA EM CIFRAS PARA VIHUELA – Hopkinson Smith



Para finalizar esta seleção musical, escolhi o álbum do músico espanhol Fernando Espí, que traz diversas obras da Renascença Espanhola para viola de mão e violão renascentista de autoria de vários compositores ibéricos dos séculos XV e XVI.

DEZIDLE AL CAVALLERO: OBRAS PARA VIHUELA Y GUITARRA RENACENTISTA – Fernando Espí
https://open.spotify.com/album/1bqjofCphrDx63iE8moxjC
 
 

Trilha Sonora - Paris

  Acordeonista em Paris, foto de Kenny Ingle   Lançado em 2020, Paris é mais um jogo feito pela dupla Wolfgang Kramer & Michael Kiesling...