terça-feira, 15 de setembro de 2020

Trilha Sonora - Vikings



Hoje, ao invés de sugerir uma trilha para um único jogo, esta postagem vai apresentar várias opções musicais para sonorizar seus jogos com vikings, incluindo Blood Rage, a Trilogia do Mar do Norte, Champions of Midgard, etc.

Antes de começarmos, porém, vamos falar um pouco sobre a música dos vikings.

Como os escandinavos não mantinham qualquer tipo de notação musical (eles só a adotaram muito tempo após sua conversão ao cristianismo), toda informação que temos sobre sua música vem de outras fontes, como escavações arqueológicas, sagas, crônicas contemporâneas e diários de viajantes, como o do mercador sefardita Abraão ben Jacó que escreveu, no século X:

"Nunca antes na vida ouvi canções mais feias do que aquelas dos vikings de Slesvig. O urro produzido por suas gargantas me lembra o uivo de cães selvagens."

Escavações em sítios arqueológicos na Escandinávia, Islândia, Ilhas Britânicas e Irlanda nos revelaram centenas de objetos de uso pessoal (como broches, pentes e agulhas de costura feitas de osso, jóias, etc.) e armas. Curiosamente, porém, poucos instrumentos musicais foram encontrados, notadamente instrumentos de sopro (como flautas de osso, berrantes e um tipo de corneta longa feita de bétula conhecida como lur) e de cordas (talharpa e stråkharpa).

As sagas também não trazem muitas menções à música, exceto por algumas exceções pontuais como, por exemplo, Gunnar tocando sua harpa nas sagas Atlakvidha e Atlámal; Eríkur cantando e tocando lira para o Rei Haraldur na Saga Viglundar; e a Saga de Grettis, que descreve Thorsteinn, meio-irmão do protagonista, cantando em Constantinopla quando servia a Guarda Varengue, dentre algumas outras.

Justamente pela falta de informações históricas precisas sobre a música dos vikings, optei por selecionar alguns álbuns que evocam o espírito guerreiro e aventureiro dos povos escandinavos e que, acredito, tem a ver com os jogos mencionados acima.


WAR OF THE VIKINGS SOUNDTRACK - Tobias Gustavsson & Kasper Lindgren

War of the Vikings é a trilha sonora de um jogo de "esmagar botões" em primeira pessoa lançado para PCs em 2014 que retrata batalhas entre anglo-saxões e vikings. Apesar do jogo ser muito fraco, a trilha sonora é espetacular, com coral, percussão rítmica e cordas contribuindo para criar uma perfeita atmosfera de batalha e aventura.

Recomendado para: qualquer jogo (é uma excelente opção para 878:Vikings - Invasions of England)


VIKINGS - WOLVES OF MIDGARD - Dynamedion Sound Group

Outra trilha sonora de videogames, desta vez do "RPG de ação" Wolves of Midgard. Composta por Matthias Wolf e a equipe do Dynamedion Sound Group, cujos membros possuem longa experiência em trilhas sonoras de jogos de videogames e séries de TV (como Mortal Combat X, Injustice 2, Total War: Warhammer 1 e 2, Anno 2205, entre outros), esta trilha usa orquestra, percussão, coral e vocais solo para criar uma atmosfera fantástica, ora épica, ora soturna.

Recomendado para: Blood Rage, Champions of Midgard, Yggdrasil


JOTUN – Maxime Lacoste-Lebuis

A trilha de Jotun, um excelente jogo de ação/exploração lançado em 2015 para PC (e, em 2016, para demais plataformas de vídeo-game) é a terceira trilha de jogo eletrônico sugerida nesta lista. Criada pelo músico e compositor quebequense Max LL (nome artístico de Maxime Lacoste-Lebuis) e executada pela Sofia Session Orchestra, a trilha combina música sinfônica com percussão e diversos instrumentos acústicos (como harpas folclóricas) para criar uma belíssima combinação de temas plácidos, melancólicos e épicos.
 
Recomendado para: Champions of Midgard, Blood Rage, trilogia do Mar do Norte, Um Banquete a Odin


LAND OF VIKINGS - Alan Williams

O compositor Alan Williams possui uma extensa carreira, tendo criado trilhas sonoras para mais de 100 projetos, incluindo filmes, séries de TV, animações e documentários, além de alguns excelentes discos-solo de música instrumental sinfônica. "Land of Vikings" é uma compilação de temas de dois documentários dirigidos por Bo Landin: "Parting Lands: An Icelandic Saga" e "The Green Land: Wildlife in the Land of Vikings". Williams faz uso de cordas, sopros e percusão para evocar a atmosfera das belas e inóspitas terras vikings da Islândia e Groelândia.

Recomendado para: Trilogia do Mar do Norte, Um Banquete a Odin, Vikings (de Michael Kiesling)


ICE & LONGBOATS - ANCIENT MUSIC OF SCANDINAVIA (EMAP VOL. 2)

Este segundo volume da série EMAP (European Musical Archaeology Project, um projeto do Programa de Cultura da União Européia de pesquisa e arqueologia musical do Velho Mundo) é provavelmente o mais próximo que temos de música viking e escandinava legítima.

O álbum aborda a música de dois períodos distintos entre os séculos VIII e XII, trazendo tanto improvisações musicais com instrumentação típica da Era Viking (usando flautas de osso e madeira, berrantes, talharpa, stråkharpa, charamela, conchas, diversos instrumentos de percussão, etc.) quanto exemplos dos primeiros cânticos cristãos e canções medievais registrados na região nos primeiros séculos da Idade Média.

Recomendado para: jogos históricos, como a trilogia do Mar do Norte, Um Banquete a Odin, Fire & Axe e 878: Vikings - Invasions of England


SOL - Sowulo

A banda holandesa Sowulo faz música acústica instrumental inspirada na antiga cultura nórdica, utilizando instrumentos como harpa celta, nyckelharpa, saltério, bouzouki, violino, flautas e percussão. Embora não seja historicamente preciso em sua instrumentação, é música de altíssima qualidade e muito atmosférica.

Recomendado para: Trilogia do Mar do Norte, Um Banquete a Odin


NORSE LANDS - Brandon & Derek Fiechter

Composta pelos irmãos Derek e Brandon Fiechter - dois compositores americanos que criam música ambiente e trilhas sonoras que, em suas próprias palavras, "transportam os ouvintes para terras e mundos míticos" - Norse Lands é inspirado nas lendas e mitos nórdicos. A música, composta com teclados, instrumentos de sopro e percussão, serve como ambientação ideal para qualquer jogo de tema viking.

Recomendado para: qualquer jogo.


CRUSADER KINGS II: VIKING METAL – Tobias Gustavsson
 
Criada por um dos compositores da trilha Sonora do clássico jogo Europa Universalis IV, o músico e compositor sueco Tobias Gustavsson, este EP traz cinco faixas criadas para o jogo Crusader Kings II. Indicada para quem gosta de algo mais pesado em sua jogatina, a trilha mescla a intensidade do heavy-metal com corais e música folclórica escandinava.
 
Recomendado para: Blood Rage, Champions of Midgard


NORTHERN STEEL - Antti Martikainen

O mais recente trabalho do compositor finlandês Antti Martikainen, Northern Steel é um álbum de folk metal sinfônico instrumental, inspirado em sagas nórdicas e finlandesas. Também recomendado para quem quiser embalar sua jogatina com uma trilha mais pesada.

Recomendado para: Blood Rage, Champions of Midgard



segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Trilha Sonora - Great Western Trail

 

Vaqueiros texanos do séc. XIX
Vaqueiros texanos do séc. XIX

Senhoras e senhores, hoje vamos para o Velho Oeste: Great Western Trail é mais um jogo do talentoso designer Alexander Pfister, no qual os jogadores são vaqueiros no século XIX percorrendo a Great Western Texas Trail para levar seu gado do Texas para vendê-lo no Kansas.

Para criar a trilha ideal deste excelente jogo escolhi a Western Music, um dos vários gêneros musicais tradicionais americanos e que tem tudo a ver com seu tema.

Hoje considerada um sub-gênero do Country, o Western é muito mais antigo: suas origens vêm diretamente das baladas trazidas por imigrantes ingleses e irlandeses, com uma pitada de música folk mexicana, e remontam aos pioneiros e vaqueiros que desbravaram e trabalharam no oeste da América. Muitas das canções mais tradicionais do Western - como Streets of Laredo - são inspiradas diretamente em canções folclóricas do Velho Mundo.

A vida dos vaqueiros nas planícies e pradarias do Oeste é tema recorrente das canções do Western, que teve seu auge nas décadas de 1930-1940, mas experimentou um grande declínio de popularidade nos anos 50 devido à popularização do Country de Nashville, que acabou por tomar seu espaço. Somente por volta de 1964, com a fundação da Country & Western Music Association é que o Western começou a recuperar seu merecido lugar.

Atualmente, vários artistas como Don Edwards, Michael Martin Murphey, Riders in the Sky e The Quebe Sisters Band mantém a chama do Western acesa, a ponto de vermos canções deste gênero em desenhos animados (Toy Story 2, Monstros S.A.) e até mesmo vídeo-games, como Fallout: New Vegas.


GUNFIGHTER BALLADS AND TRAIL SONGS - Marty Robbins

Um dos cantores mais famosos e bem-sucedidos do Western e do Country, Marty teve uma carreira de mais de 40 anos como cantor, compositor, ator e piloto da NASCAR. Ele lançou 52 discos e mais de 100 compactos. Gunfighter Ballads foi o disco mais aclamado de sua carreira, chegando ao número 6 da Billboard e recebendo disco de platina. É um álbum tão marcante para o gênero que, em 2017 , foi incluído no Registro Nacional da Biblioteca do Congresso Americano por sua "importância artística, histórica e cultural".


HOME ON THE RANGE - Roy Rogers

Conhecido como "O Rei dos Cowboys", Rogers foi um dos mais famosos atores-cantores de sua geração, tendo estrelado mais de 100 filmes e um seriado próprio, The Roy Rogers Show (que estreou como programa de rádio de 1942 a 1951, e como seriado de TV de 1951 a 1957), no qual popularizou a figura do cowboy cantor. Home on the Range, o disco apresentado aqui, é uma coletânea de vários singles famosos, incluindo canções tradicionais do Western, como Yellow Rose of Texas, Tumbling Tumbleweeds, Don't Fence me In e Happy Trails (esta última composta por sua esposa, Dale Evans, com quem gravou um belo dueto).


THE ESSENTIAL - Gene Autry

Se há um músico que faz jus à alcunha de "lenda", é Gene Autry. Nascido em Tioga, TX, em 1907, Autry foi um famoso cantor, músico, compositor, peão de rodeio e empresário. Estrelou 93 filmes e seu prório seriado de rádio e TV, The Gene Autry Show, onde ajudou a definir a imagem clássica do herói dos faroestes: valente, honesto e fiel. Foi considerado uma das figuras mais importantes e influentes da música americana e é o único artista a ter cinco estrelas na Calçada da Fama de Hollywood (cinema, TV, rádio, música e performances ao vivo). O disco que escolhi, The Essential , é um bom apanhado de sua extensa carreira, com composições próprias e clássicos do Western, incluindo "Back in the Saddle Again", canção que era sua marca-registrada, e aquela que, na minha opinião, é a versão definitiva do clássico "Ghost Riders in the Sky".


COOL WATERS - Sons of the Pioneers

Detentores do título de "Tesouro cultural nacional" dado pelo Smithsonian Institute, este grupo vocal é um dos mais influentes da música americana. Fundado em 1933 e ativo até hoje, o grupo teve músicos famosos em suas diversas formações (incluindo Roy Rogers, Pat Brady e Ken Carson) e inspirou diversos músicos do Western e do Country. Suas canções foram usados em vários clássicos do faroeste, como Rio Grande (1950) e Rastros de Ódio (1956).


SADDLE SONGS - Don Edwards


Outro famoso cowboy, cantor e compsitor, Edwards começou profissinalmente em 1992, quando gravou seu primeiro disco ("Songs of the Trail") aos 53 anos de idade. Saddle Songs, o álbum aqui apresentado, traz vários clássicos que definem o Western, como Streets of Laredo e The Old Chisholm Trail, e também foi incluído nos registros da Biblioteca do Congresso Americano.


FROM WHENCE CAME THE COWBOY - Sons of the San Joaquim

Formado em 1987 pelos irmãos Jack e Joe Hannah, juntamente com Lon Hannah (filho de Jack), são considerados um dos mais importante grupos de Western da atualidade, mesclando clássicos e composições próprias. Em 1995 foram recebidos no Hall da Fama da Western Music Association. O disco From Whence Came the Cowboy, de 1992, traz canções próprias e alguns clássicos, como Whoopie Ti Yi Yo.


TEXAS FIDDLERS - The Quebe Sisters

Prova de que o Western continua firme e forte com as gerações atuais, as irmãs Grace, Sophia e Hulda Quebe formaram esta banda em 2002 em Burleson, TX. "Texas Fiddlers" é seu disco de estréia e traz temas instrumentais em diversos gêneros, como Western tradicional, Western Swing e folk texano.


 

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Trilha Sonora - Terraforming Mars

 

Terraformação de Marte - arte de Dane Spangler


Terraforming Mars é um jogo estratégico e de seleção de cartas / gestão de mão criado pelo designer sueco Jacob Fryxelius.

Nesse euro extremamente temático ambientado no século XXV, cada jogador assume o papel de uma mega-corporação terrestre cujo objetivo é terraformar Marte, tornando possível que o Planeta Vermelho abrigue vida humana. 

Para sonorizar minha partidas, escolhi alguns discos de space music, um gênero musical que é difícil de definir precisamente. Muitos consideram um mero sub-gênero da música new age, mas particularmente gosto muito da definição do radialista, arquiteto e produtor musical americano Stephen Hill, que também é dono da gravadora Hearts of Space Records:

"Space music é um tipo de música contemplativa, que evoca imagens relativas ao espaço sideral [...] e combina diversos elementos (eletrônicos ou não) e estilos étnicos, históricos e contemporâneos para produzir uma trama musical contínua de sons, emoções e imagens espaciais".

Não é surpresa alguma, portanto, que este tipo de música seja utilizada em trilhas sonoras de jogos, planetários e programas de TV e documentários que abordam temas como astronomia e exploração espacial.

Pensando nisso, escolhi, para sonorizar minhas partidas de Terraforming Mars, os seguintes albuns:


GEORGE STREZOV
O músico, compositor, regente e arranjador búlgaro George Strezov criou esta sensacional trilha sonora, que mistura música sinfônica e eletrônica, para o jogo de PC Surviving Mars, onde o jogador deve criar, desenvolver a administrar uma colônia terrestre no Planeta Vermelho. Além de cuidar das diversas prioridades da colônia - como oxigênio, água, comida, recursos minerais e moradia - o jogador também precisa lidar com diversos eventos como epidemias, conflitos armados, corporações rivais e desastres naturais, como meteoros. Desnecessário dizer que a trilha de Strezov cai como uma luva.  

Surviving Mars (Original Soundtrack) - https://open.spotify.com/album/1nbjCCws7cO9kovVBn7Wo8


GEODESIUM
Geodesium, uma amálgama de "domo geodésico" + "planetário", é nome de um projeto de trilhas sonoras para apresentações em planetários americanos e britânicos elaboradas pelo compositor Mark C. Petersen. Formado em música pela Universidade do Colorado, desde 1975 Petersen já criou trilhas sonoras para mais de 60 planetários na América do Norte e Reino Unido. Escolhi dois dentre seus doze álbuns que, acredito, casam muito bem com o jogo:

Stellar Collections (2001) - https://open.spotify.com/album/3qlOdpV53yA0vLv8dvpcBe

Fourth Universe (1992) - https://open.spotify.com/album/7swPsdzvbZN9K9IIffSrAC


TAU CETI
Tau Ceti é o nome do projeto de space music e electronica do músico e compositor italiano Enrico Cosimi. Com forte influência de Jean-Michel Jarre, Mars é um álbum de melodias e sons ricamente construídos com sintetizadores analógicos e inspirado no Planeta Vermelho, onde cada uma de suas nove faixas recebe o nome de regiões ou elementos geográficos marcianos. 

Marshttps://open.spotify.com/album/1ecGTINyk00fP9tVEIHmGs


CHRONOS
Em 2007 o músico e compositor russo Nick Klimenko lançou seu primeiro álbum, Steps to the Great Knowledge, iniciando uma bem-sucedida carreira na música instrumental eletrônica / ambient / psychill sob o nome artístico Chronos. Mars, lançado originalmente em 2012, é inspirado nos livros de ficção científica do escritor russo Ivan Efremov. 

Marshttps://open.spotify.com/album/0GzwfwPaOiKtJpEdDowe7J


CHRISTOPHER TIN
Tin é um compositor e maestro americano, bastante conhecido pela trilha sonora do jogo Civilization IV, cuja canção Baba Yetu (um arranjo para a oração do "Pai Nosso" no idioma suaíli, falado no Quênia) foi a primeira canção de um jogo eletrônico a ganhar um Prêmio Grammy, em 2011. Dele, escolhi a trilha sonora de Offworld Trading Company, um jogo econômico e estratégico ambientado em Marte e no qual os jogadores controlam empresas que exploram economicamente os recursos do Planeta Vermelho:

Offworld Trading Company (Original Soundtrack) - https://open.spotify.com/album/118gMvqP0EqAtEEYCjDNgb

Trilha Sonora - Clans of Caledonia

 

Glencoe - Terras Altas da Escócia
 

Clans of Caledonia é um jogo econômico, ambientado na Escócia do século XIX, no qual os jogadores representam diversos clãs históricos que competem entre si para produzir e comercializar diversos produtos agrícolas e uísque.

A Escócia, como todo país celta, tem uma riquíssima tradição musical que remonta desde a Idade do Ferro até os dias atuais e que quase sempre está associada a reuniões sociais, contação de histórias e dança.


Quando falamos em "música escocesa", a primeira imagem que nos vêm à mente é a de um gaiteiro escocês; porém, a gaita de fole escocesa (cujo nome técnico é Gaita de foles das Terras Altas, ou a' phìob mhòr, em gaélico escocês) é apenas um dos muitos instrumentos que compõem a riquíssima tradição musical escocesa, juntamente com o violino, o acordeão e a clàrsach (harpa escocesa).

Historicamente, a música tradicional escocesa possui uma enorme gama de gêneros e ritmos, dividindo-se em dois grandes estilos: cèol mòr ("grande música") ou pibroch ("tocar gaita"), que inclui lamentos, saudações, temas dos clãs, etc., sempre tocados na gaita; e o cèol beag ("música leve"), que abrange outros estilos, como folk, baladas, jigs, reels, marchas, valsas e polcas (e, hoje em dia, também inclui estilos modernos, como rock e jazz).

O século XIX, em particular, viu uma grande revitalização na música tradicional escocesa, impulsionada pela publicação de diversas coleções de canções e estudos e artigos acadêmicos, e hoje o país tem uma das mais vibrantes cenas musicais tradicionais do mundo.

Para sonorizar o jogo, tentei usar uma variedade de estilos e gêneros, priorizando o cèol mór, o folk tradicional das Highlands e Ilhas escocesas, e o cèilidh. Mas, sem mais delongas, vamos à música:


CHAMPION OF CHAMPIONS - The Strathclyde Police Pipe Band
https://open.spotify.com/album/0iyxuGNg6LNMlGUXCiERHp

Um exemplo do legítimo cèol mòr com uma das mais tradicionais e premiadas bandas de gaita de fole da Escócia, a Banda de Gaitas da Polícia de Strathclyde, fundada em 1883 como Burgh of Govan Pipe Band e maior campeã do World Pipe Band Championship, com 20 títulos mundiais. Em 2013, em decorrência de uma reorganização da polícia escocesa, mudou seu nome para Glasgow Police Pipe Band.


A' SIREADH SPÒRS - Dr. Angus MacDonald
https://open.spotify.com/album/5iJ2G07ugqL2TJH6iuOlXa

O gaiteiro Angus MacDonald vêm de uma família de músicos tradicionais do oeste das Terras Altas da Escócia, os MacDonalds de Glenuig. Seus irmãos, Allan e Iain, também são músicos renomados e, em 2007, os três irmãos foram o tema de um documentário da BBC Scotland, "Ceòl mo Bràthair / My brother's music". Angus também atuou como médico na Escócia e no Canadá. Seu filho, também chamado Allan, segue seus passos como músico tocando gaita de fole na banda Niteworks, que mistura música folk escocesa com música eletrônica.

 


JUST FOR GORDON - Gordon Duncan
https://open.spotify.com/album/1og3SW99e8pNB2m7Qw7PLK

Nascido em Turriff, Aberdeenshire, Duncan foi um dos mais famosos gaiteiros escoceses dos últimos tempos, além de prolífico compositor, tendo composto mais de 100 canções. Sua virtuosidade (começou a tocar aos 8 anos de idade) e espírito inovador influenciaram diversos músicos mundo afora. Infelizmente faleceu em 2005, vítima do alcoolismo. O disco apresentado aqui é uma compilação lançada em 2007, dois anos após sua morte.


STEPPIN' ON THE BRIDGE - Hamish Moore
https://open.spotify.com/album/1PPzK6hvujAaPEMIVw4Et5

Outro famoso gaiteiro escocês, Moore tem o mérito de reintroduzir, nos idos de 1980, um instrumento popular no século XIX mas que havia caído em desuso na cena tradicional musical escocesa: a "pequena gaita" (ou Scottish smallpipes), um aerofone que difere da gaita escocesa por seu som mais doce e melodioso, apropriado para tocar em bandas.


ST. KILDA WEDDING - Ossian
https://open.spotify.com/album/5E9ZB55kUSeilntRywq7EK

Emprestando seu nome de um lendário poeta escocês, esta banda de folk tradicional foi formada em 1976 por John Martin (violino) Billy Jackson (harpa, flauta e gaita irlandesa), seu irmão George Jackson (vários instrumentos) e Billy Ross (voz e violão), tornando-se um dos maiores e mais aclamados expoentes do gênero. A banda encerrou suas atividades em 1989, mas voltou à ativa em 1997 por iniciativa de Billy Jackson e Billy Ross. Este álbum, seu segundo, lançado em 1978, traz somente canções tradicionais.


DÀIMH - The Hebridean Sessions
https://open.spotify.com/album/0JYTcIgIS7NJRM4vjA0pFW

Formada em 2000 por músicos das Terras Altas, Ilha de Skye, Canadá e EUA, Dàimh (seu nome significa "parentesco", em gaélico escocês) é uma das mais premiadas e respeitadas bandas atuais de música tradicional. Este disco, em particular, traz diversas canções escocesas oriundas das Terras Altas, Costa Oeste e Ilhas Hébridas. 

 


BLAZIN' FIDDLES - The Old Style
https://open.spotify.com/album/2KeusAtUtddjuK36WvcowS

Este quarteto de violinos foi fundado em 1998 pelo violinista Bruce MacGregor, natural de Inverness, para preservar e divulgar o estilo próprio dos violinistas das Terras Altas e dos arquipélagos do oeste, como as Hébridas, Órcadas e Shetland. É formada por Macgregor, Jenna Reid, Rua MacMillan e Kristan Harvey (violinos), Anna Massie (violão e violino) e Angus Lyon (piano).


ALASDAIR FRASER & NATALIE HAAS - Fire & Grace
https://open.spotify.com/album/0ZzyzLPzZVj6aHJUvD0FPs

Um dos mais influentes violinistas tradicionais da Escócia, Fraser une-se neste álbum à violoncelista americana Natalie Haas para reviver as tradicionais duplas de violino e violoncelo ("wee fiddle & big fiddle"), bastante comuns na música tradicional escocesa do século XIX.


BACK IN STEP - The Occasionals
https://open.spotify.com/album/3axFtAgiLZSlqs2ElAPQ2m

The Occasionals, formada em 1986, é uma das principais bandas escocesas de cèilidh (reuniões sociais ou festivais onde há música e dança tradicionais) da Escócia.


THE LEGENDARY JIMMY SHAND - Jimmy Shand and His Band
https://open.spotify.com/album/07nHItpfADeEHNobh5qIBn

Jimmy Shand é uma lenda da música tradicional escocesa e seu nome é sinônimo de cèilidh escocês. Sir Jimmy tornou-se músico profissional nos anos 1920, compôs mais de 330 canções e tem uma discografia extensa, tendo trabalhando até mesmo com o maestro e produtor George Martin na década de 1950. Foi sagrado cavaleiro com a Ordem do Império Britânico (OBE) em 1962. O disco acima é apenas um pequeno exemplo de seu talento com o acordeão.


Trilha Sonora - Lisboa

 

Lisboa é um jogo do designer português Vital Lacerda sobre a reconstrução da capital portuguesa após o terremoto de 1o de novembro de 1755, que devastou a cidade.

A supervisão das obras de reconstrução ficou ao cargo de Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal e Conde de Oeiras, Secretário de Estado do Reino (cargo equivalente ao de primeiro-ministro das monarquias parlamentaristas modernas) de Sua Majestade, D. José I.

Ao ser perguntado após a tragédia sobre o que deveriam fazer os lisboetas naquele momento, respondeu com a célebre frase: "E agora? Agora enterramos os mortos e cuidamos dos vivos!"

O Marquês de Pombal

A MÚSICA
A ascensão de João V, apelidado de O Magnânimo, ao trono português em 1706 teve forte impacto na sociedade e nas artes portuguesas.

No campo da música D. João funda, em 1713, um seminário de música (o Real Seminário de Música da Patriarcal, assim chamado pois funcionava inicialmente anexo à Basílica Patriarcal de Lisboa), contrata talentosos músicos italianos profissionais para formar seu corpo docente e cria, assim, a estrutura necessária para a formação de músicos e compositores eruditos portugueses.

Dentre os músicos italianos trazidos a Portugal por Dom João V estavam o compositor napolitano Domenico Scarlatti (professor de música da princesa D. Bárbara e Mestre da Capela Real de Lisboa de 1719 a 1727) e o violinista genovês Pietro Giorgio Avondano (que viria a ser pai do compositor português Pedro Antônio Avondano, considerado o primeiro compositor Clássico de Portugal).

Vários notáveis compositores portugueses do período Barroco estudaram no Real Seminário ou em conservatórios italianos, como Carlos Seixas, Antônio Teixeira, Francisco Antônio de Almeida e João de Sousa Carvalho.

CARLOS SEIXAS (1704 - 1742)
Filho de Carlos Vaz, organista da Catedral de Coimbra, substituiu ao pai após sua morte com apenas 14 anos, e aos 16 anos partiu para Lisboa, sendo nomeado Organista da Sé Patriarcal e da Capela Real, cujo mestre à época era Domenico Scarlatti, com quem estabelecera relações profissionais muito respeitosas. Além de excelente compositor e músico - era um dos melhores e mais renomados organistas e cravistas da Europa - foi professor de música de várias famílias nobres da Corte.

Compôs tocatas, obras corais e sonatas (mais de 700, das quais pouco mais de 100 originais ainda existem, o restante sendo perdido no terremoto de 1755). Morreu jovem, aos 38 anos, sendo sagrado cavaleiro por D. João quatro anos antes.

De Seixas, escolhi dois álbuns:

Sonatas - volume I
https://open.spotify.com/album/1IfMEOFtZ8R8834dZB5phC

Note, porém, que qualquer um dos títulos da série Sonatas é altamente recomendável.

Seixas: Harpsicord & Sacred Music
https://open.spotify.com/album/4N4TOxfdHqLRciX2qVXjss

Este belíssimo disco traz a Missa em Sol Maior, sonatas para órgão e cravo, composições corais e os três movimentos de sua Sinfonia para Cordas em Si Bemol Maior, magistralmente executadas pela Orquestra Barroca da Noruega e o Coro de Câmara de Lisboa


ANTÔNIO TEIXEIRA (1707 - 1774)
Natural de Lisboa, Teixeira estudou música em Roma de 1714 a 1728, quando assumiu a posição de Capelão-Cantor do Coro da Catedral de Lisboa. Dentre suas obras estão missas, motetos e música para várias óperas de Antônio José da Silva. Sua composição mais importante é o sacro Te Deum ("A Ti, Deus", hino cristão litúrgico usado como parte do Ofício de Leituras da Liturgia das Horas e outros eventos solenes de ações de graças) para 20 vozes, encontrado abaixo:

Teixeira: Te Deum
https://open.spotify.com/album/08peOyMBiAh85glKoK1yjf


FRANCISCO ANTONIO DE ALMEIDA (1702 - 1755?)
De origem nobre, estudou em Roma entre 1722 a 1726, quando retornou a Lisboa. Foi organista da Capela Real e tornou-se professor de piano da infanta D. Bárbara após Scarlatti mudar-se para a Espanha. Compôs sonatas, sinfonias e óperas, incluindo a ópera bufa La Pazienza di Socrate, a primeira ópera italiana composta em Portugal. Acredita-se que tenha falecido durante o terremoto de 1755.

Para representar sua obra, escolhi o scherzo pastorale Il trionfo d'amore, com regência do Maestro Marcos Magalhães:

de Almeida: Il Trionfo d'Amore
https://open.spotify.com/album/0fGQaihEq7H9sCzNJD9LdR

JOÃO DE SOUSA CARVALHO (1745 - 1798)
Natural de Évora, João de Sousa Carvalho foi um dos últimos compositores do Barroco setecentista português. Estudou no Conservatório di Sant'Onofrio em Nápoles, onde compôs suas primeiras obras (uma ópera e uma oratória). Ao retornar a Portugal empregou-se como professor de música e, posteriormente, assumiu o cargo de Primeiro-Mestre do Real Seminário de Música da Patriarcal (em 1773). Após o falecimento do maestro italiano Davide Perez em 1778, tornou-se compositor da Real Câmara Portuguesa e professor de música dos príncipes Infantes.

Compôs diversas obras sacras, óperas e serenatas - dentre elas L'Angelica (cujo libretto foi escrito por Pietro Metastasio), uma obra que já pode ser considerada de transição entre o Barroco e o Clássico.

Carvalho: L'Angelica
https://open.spotify.com/album/1MtQU6O4nf5lnARSiJmFlW


Para finalizar, deixo uma belíssima compilação de motetos para solistas, coros e conjuntos instrumentais de Seixas, Teixeira e Almeida:

Portugaliae Musica - Motetten des Barock für Soli, Chor und Instrumentem
https://open.spotify.com/album/3s8NuKz99LqowKhfddWIw2

Apresentação

 


Bom dia a todos e sejam bem-vindos.

O Ludofonia é voltado para todos que apreciam boa música e jogos de tabuleiro. 

Para mim, uma boa trilha sonora ajuda a me concentrar,  destaca o tema do jogo e, de modo geral, melhora a experiência lúdica.

Como sei que muitas pessoas também compartilham da mesma opinião, criei este blog para compartilhar e apresentar as músicas e discos que utilizo como trilha ambiente para minhas jogatinas. 

O blog será atualizado quinzenalmente, então não deixe de se inscrever. 

Ah, e por último, mas não menos importante, quero agradecer ao amigo Daniel William pela sugestão do nome.

 

 

Trilha Sonora - Paris

  Acordeonista em Paris, foto de Kenny Ingle   Lançado em 2020, Paris é mais um jogo feito pela dupla Wolfgang Kramer & Michael Kiesling...