sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Trilha Sonora - Lisboa

 

Lisboa é um jogo do designer português Vital Lacerda sobre a reconstrução da capital portuguesa após o terremoto de 1o de novembro de 1755, que devastou a cidade.

A supervisão das obras de reconstrução ficou ao cargo de Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal e Conde de Oeiras, Secretário de Estado do Reino (cargo equivalente ao de primeiro-ministro das monarquias parlamentaristas modernas) de Sua Majestade, D. José I.

Ao ser perguntado após a tragédia sobre o que deveriam fazer os lisboetas naquele momento, respondeu com a célebre frase: "E agora? Agora enterramos os mortos e cuidamos dos vivos!"

O Marquês de Pombal

A MÚSICA
A ascensão de João V, apelidado de O Magnânimo, ao trono português em 1706 teve forte impacto na sociedade e nas artes portuguesas.

No campo da música D. João funda, em 1713, um seminário de música (o Real Seminário de Música da Patriarcal, assim chamado pois funcionava inicialmente anexo à Basílica Patriarcal de Lisboa), contrata talentosos músicos italianos profissionais para formar seu corpo docente e cria, assim, a estrutura necessária para a formação de músicos e compositores eruditos portugueses.

Dentre os músicos italianos trazidos a Portugal por Dom João V estavam o compositor napolitano Domenico Scarlatti (professor de música da princesa D. Bárbara e Mestre da Capela Real de Lisboa de 1719 a 1727) e o violinista genovês Pietro Giorgio Avondano (que viria a ser pai do compositor português Pedro Antônio Avondano, considerado o primeiro compositor Clássico de Portugal).

Vários notáveis compositores portugueses do período Barroco estudaram no Real Seminário ou em conservatórios italianos, como Carlos Seixas, Antônio Teixeira, Francisco Antônio de Almeida e João de Sousa Carvalho.

CARLOS SEIXAS (1704 - 1742)
Filho de Carlos Vaz, organista da Catedral de Coimbra, substituiu ao pai após sua morte com apenas 14 anos, e aos 16 anos partiu para Lisboa, sendo nomeado Organista da Sé Patriarcal e da Capela Real, cujo mestre à época era Domenico Scarlatti, com quem estabelecera relações profissionais muito respeitosas. Além de excelente compositor e músico - era um dos melhores e mais renomados organistas e cravistas da Europa - foi professor de música de várias famílias nobres da Corte.

Compôs tocatas, obras corais e sonatas (mais de 700, das quais pouco mais de 100 originais ainda existem, o restante sendo perdido no terremoto de 1755). Morreu jovem, aos 38 anos, sendo sagrado cavaleiro por D. João quatro anos antes.

De Seixas, escolhi dois álbuns:

Sonatas - volume I
https://open.spotify.com/album/1IfMEOFtZ8R8834dZB5phC

Note, porém, que qualquer um dos títulos da série Sonatas é altamente recomendável.

Seixas: Harpsicord & Sacred Music
https://open.spotify.com/album/4N4TOxfdHqLRciX2qVXjss

Este belíssimo disco traz a Missa em Sol Maior, sonatas para órgão e cravo, composições corais e os três movimentos de sua Sinfonia para Cordas em Si Bemol Maior, magistralmente executadas pela Orquestra Barroca da Noruega e o Coro de Câmara de Lisboa


ANTÔNIO TEIXEIRA (1707 - 1774)
Natural de Lisboa, Teixeira estudou música em Roma de 1714 a 1728, quando assumiu a posição de Capelão-Cantor do Coro da Catedral de Lisboa. Dentre suas obras estão missas, motetos e música para várias óperas de Antônio José da Silva. Sua composição mais importante é o sacro Te Deum ("A Ti, Deus", hino cristão litúrgico usado como parte do Ofício de Leituras da Liturgia das Horas e outros eventos solenes de ações de graças) para 20 vozes, encontrado abaixo:

Teixeira: Te Deum
https://open.spotify.com/album/08peOyMBiAh85glKoK1yjf


FRANCISCO ANTONIO DE ALMEIDA (1702 - 1755?)
De origem nobre, estudou em Roma entre 1722 a 1726, quando retornou a Lisboa. Foi organista da Capela Real e tornou-se professor de piano da infanta D. Bárbara após Scarlatti mudar-se para a Espanha. Compôs sonatas, sinfonias e óperas, incluindo a ópera bufa La Pazienza di Socrate, a primeira ópera italiana composta em Portugal. Acredita-se que tenha falecido durante o terremoto de 1755.

Para representar sua obra, escolhi o scherzo pastorale Il trionfo d'amore, com regência do Maestro Marcos Magalhães:

de Almeida: Il Trionfo d'Amore
https://open.spotify.com/album/0fGQaihEq7H9sCzNJD9LdR

JOÃO DE SOUSA CARVALHO (1745 - 1798)
Natural de Évora, João de Sousa Carvalho foi um dos últimos compositores do Barroco setecentista português. Estudou no Conservatório di Sant'Onofrio em Nápoles, onde compôs suas primeiras obras (uma ópera e uma oratória). Ao retornar a Portugal empregou-se como professor de música e, posteriormente, assumiu o cargo de Primeiro-Mestre do Real Seminário de Música da Patriarcal (em 1773). Após o falecimento do maestro italiano Davide Perez em 1778, tornou-se compositor da Real Câmara Portuguesa e professor de música dos príncipes Infantes.

Compôs diversas obras sacras, óperas e serenatas - dentre elas L'Angelica (cujo libretto foi escrito por Pietro Metastasio), uma obra que já pode ser considerada de transição entre o Barroco e o Clássico.

Carvalho: L'Angelica
https://open.spotify.com/album/1MtQU6O4nf5lnARSiJmFlW


Para finalizar, deixo uma belíssima compilação de motetos para solistas, coros e conjuntos instrumentais de Seixas, Teixeira e Almeida:

Portugaliae Musica - Motetten des Barock für Soli, Chor und Instrumentem
https://open.spotify.com/album/3s8NuKz99LqowKhfddWIw2

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